quinta-feira, 25 de abril de 2013

Maciço de Baturité tem maior chuva



A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou precipitação em 103 municípios na madrugada de ontem. A maior ocorreu em Aracoiaba (74mm), seguida de Umirim (70mm) e Baturité (63mm). As chuvas ocorreram com maior frequência no Maciço de Baturité e Litoral. De acordo com a Funceme, esse quadro favorável deve permanecer até hoje.

Tempo fechado e com chuvas é verificado na maioria dos municípios do Interior, trazendo esperança para os trabalhadores rurais FOTO: HONÓRIO BARBOSA

O meteorologista da Funceme, Raul Fritz, explicou que essas precipitações registradas nos últimos dois dias são decorrentes de um sistema de formação de alta umidade relativa do ar em convergência com ventos oriundos do Oceano Atlântico Leste sobre o Ceará. "Esse modelo facilita a formação de nuvens de chuvas e provoca precipitações localizadas ao longo do Estado", disse. "É uma formação que muda rapidamente, mas que deve permanecer nas próximas 24 horas".

Os meteorologistas da Funceme acompanham diariamente as condições atmosféricas, pressão, formação de nuvens, a localização da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) principal sistema formador de chuvas no Nordeste, e a temperatura das águas superficiais dos oceanos Atlântico e Pacífico.

Essa última formação de nuvens de chuvas foi favorecida por elevada umidade relativa do ar, convergência de ventos, sistema de baixa pressão atmosférica e aquecimento de águas oceânicas na costa Nordeste. "Nós aqui da Funceme estávamos torcendo para que houvesse algum sistema que favorecesse a formação de nuvens de chuva", disse Fritz. "Infelizmente, no geral, não temos boas condições de precipitações".

A ZCIT permanece distante do Estado, mais próximo à Linha do Equador, beneficiando com chuvas a Região Norte. "Nas últimas 24 horas, entretanto, oscilou um pouco e estamos torcendo para que desça em direção ao Ceará".

No campo, as últimas chuvas caídas desde a semana passada trouxeram alívio para os produtores rurais. A terra molhada facilitou o surgimento de pastagem nativa para alimentar o rebanho. Em decorrência das dificuldades de aquisição de milho e de ração, com preços elevados, para os animais, os criadores festejam as últimas chuvas que banham o Estado, há um mês, mesmo localizadas e irregulares.

"Com essas últimas chuvas, houve uma melhora da situação, mas insuficiente para reverter o quadro de estiagem", observa o produtor Paulo Lopes. O agricultor, Manoel Teixeira da Silva, mantém a esperança de colher meio hectare de feijão que cultivou no fim do mês passado. "Se Deus quiser, ainda vou apanhar alguns grãos para comer", disse. "Essas últimas chuvas estão dando certo e tomara que continue no mês que entra".

Em todo o Estado, os criadores reclamam na demora das ações governamentais para a convivência com a estiagem. "Há vários anúncios, promessas, mas na prática, os recursos não chegam até o campo no momento e na quantidade necessária".

Agricultores vão realizar na manhã de hoje, a partir das 7 horas, uma manifestação na localidade de Cruzeta, na BR-020, nas proximidades da cidade de Boa Viagem. A manifestação deve reunir centenas de trabalhadores rurais em decorrência da mobilização de vários sindicatos. O protesto deve durar cerca de três horas e vai paralisar o trânsito na rodovia.

Dificuldades

A ideia é chamar a atenção das autoridades para as dificuldades de abastecimento de água e de alimentação para o rebanho bovino, ovino e caprino, e protestar contra o atraso nas ações governamentais em assistência ao homem do campo.

"A presidente Dilma Rousseff anunciou a liberação de recursos, um pacote de ações em socorro aos atingidos pela seca, mas de concreto nada aconteceu até agora", observa o secretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Marciano Lopes. "Esse pacote está difícil de ser aberto".

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