sábado, 7 de março de 2015

Altas acumuladas na energia podem chegar a 64% no Ceará


Os valores foram apresentados em audiência pública com a participação da sociedade civil e de representantes da Coelce, da Arce e do Conerge FOTO: GIOVANNI SANTOS
Os valores foram apresentados em audiência pública com a participação da sociedade civil e de representantes da Coelce, da Arce e do Conerge
FOTO: GIOVANNI SANTOS
Caso a proposta preliminar de revisão tarifária da Companhia Energética do Ceará (Coelce) para os próximos quatro anos seja aprovada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), com os novos índices passando a valer a partir do próximo dia 22 de abril, o cearense poderá pagar uma conta de luz acumulada até 64,46% mais cara, no caso dos consumidores de alta tensão (indústriais). Para os de baixa tensão (residenciais), o aumento seria de até 35,26%, totalizando um reajuste médio de 45,45% no Estado.
De acordo com o consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, realizador do cálculo, isso aconteceria porque a proposta de revisão tarifária da Coelce seria somada ao reajuste no Sistema de Bandeiras Tarifárias e à Revisão Tarifária Extraordinária (RTE), que já estão em vigor no País.
“Serão aumentos consideráveis na conta de consumidores que já estão pagando caro pela energia elétrica. Imagine a indústria, que vem enfrentando grandes dificuldades para competir no mercado, tendo um custo 64,46% maior. Ou o setor perde, tendo prejuízos, ou repassa seus custos para o consumidor final”, observa Picanço.
Jurandir Picanço foi um dos participantes da audiência pública realizada ontem, na sede da Fiec, para discutir a proposta de revisão tarifária da Coelce. Promovida pela Aneel, a sessão pública contou com a participação da sociedade civil organizada, além de representantes da Companhia Energética, da Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Estado do Ceará (Arce) e do Conselho de Consumidores da Coelce (Conerge), por exemplo.
Como divulgado ontem com exclusividade pelo Diário do Nordeste, os valores apresentados pela Aneel consistem em uma proposta preliminar de 9,70% para os consumidores residenciais e de 26,55% para os industriais. Com esses percentuais em vigor, o aumento médio apenas da revisão tarifária da Companhia Energética do Ceará seria de 14,67%.
Antes, os valores previstos para a revisão da Coelce eram de 19,5% para os consumidores de baixa tensão e de 44,12% para os de alta tensão. O efeito médio total era de 26,56%.
Decisão
Até o dia 22 de abril, quando a revisão será fechada, os números ainda podem ser modificados, considerando que o governo Federal está negociando com os bancos o aumento do prazo para amortização – de dois para quatro anos – do empréstimo de quase R$ 18 bilhões concedido para as distribuidoras de energia no ano passado.
Segundo o diretor da Aneel, André Pepitone, essa negociação será fechada até o fim deste mês. Ele informa que a possibilidade de o valor ser amortizado para quatro ou até seis anos é grande. “Ao todo, 63 concessionárias passarão, neste ano, pelo processo de revisão tarifária, que chega ao quarto ciclo. E a Coelce está sendo a companhia que inaugura esse processo. A partir dessa audiência, com a análise de todos os documentos e propostas, chegaremos ao resultado final”, afirma.
Principais assuntos
A elevação substancial da cota da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) – saindo de R$ 1,7 bilhão em 2014 para R$ 22,06 bilhões em 2015 – foi um dos assuntos que estiveram no centro das discussões.
A Aneel determinou que os consumidores paguem, via contas de luz, os R$ 22,06 bilhões ao fundo durante este ano. O dinheiro vai financiar, entre outras ações, o programa Luz para Todos, o subsídio à tarifa de famílias de baixa renda, combustível para usinas termelétricas do Norte do Brasil e o pagamento de indenizações a empresas.
Outro tema em evidência foi o aumento de 7,5% para 8,09% da taxa de retorno para as distribuidoras de energia, denominada Wacc. O novo percentual deverá ser aplicado durante o quarto ciclo de revisões tarifárias das distribuidoras.
Sucessivos aumentos
O presidente da Conerge, Erildo Pontes, chamou a atenção para os sucessivos aumentos na tarifa de energia dos brasileiros, algo que, na opinião dele, “beneficia as concessionárias e penaliza o consumidor, impactando o setor produtivo”. Para Erildo, o problema está diretamente ligado às políticas nacionais para o setor de energia elétrica nos últimos três anos. “Se uma campanha de racionamento tivesse sido realizada e o Sistema de Bandeiras Tarifárias tivesse passado a valer no ano passado, os impactos seriam menores. O que ainda pode amenizar esse peso é a amortização do empréstimo concedido às concessionária. Isso reduziria o reajuste em aproximadamente 7%”, declara. O diretor de Regulação da Coelce, José Alves, reafirmou que o aumento é necessário devido ao uso das termelétricas, que representa mais gastos para as concessionárias, bem como o aumento das despesas com a CDE. “O reajuste extraordinário para as tarifas da Coelce de 10,3%, aprovado na semana passada, antecipa o que vai acontecer a partir de 22 de abril”, diz.
Apesar do reajuste, ele informa que a possível revisão tarifária média de 14,67% no Ceará representaria para a Coelce uma perda nos recursos da ordem de R$ 230 milhões nos próximos quatro anos. “Isso diminui a capacidade de investimento da empresa”, acrescenta o gestor, lembrando que a companhia vem registrando, a cada ano, melhoria em eficiência energética, sendo exemplo para outras concessionárias do País.
Arrecadação com regime de bandeiras somou R$ 445 mi
São Paulo. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, informou ontem (6) que a arrecadação extra do sistema elétrico com a adoção do sistema de bandeiras tarifárias totalizou R$ 445 milhões em janeiro.
O regime de bandeiras tarifárias consiste na aplicação de um valor adicional a ser pago pelo consumidor sempre que o custo de geração de energia estiver mais elevado, situação que perdura desde o início de 2014. O ano passado foi um período de testes e a partir de janeiro passado a cobrança passou a ser efetivamente realizada.
“Foram R$ 445 milhões arrecadados no regime de bandeiras, R$ 95 milhões através da câmara de compensação para poder pagar aqueles que tiveram arrecadação menor do que produziram com outras matrizes”, revelou Braga.
De acordo com o ministro, o sistema de bandeiras tarifárias é o “primeiro grande movimento” do governo federal no intuito de mostrar ao consumidor a necessidade de ele saber administrar a própria conta de energia. Isso ocorre porque o consumo mais intenso de energia pressiona o mercado e obriga o governo a acionar as térmicas cujos custos de operação são mais elevados. E é justamente nesses períodos em que as bandeiras tarifárias serão acionadas.
Sistema
O sistema consiste em três bandeiras, vermelha, amarela e verde. Até fevereiro, a bandeira vermelha implicava um custo adicional de R$ 3 para cada 100 kWh consumido. A partir deste mês, o número foi elevado para R$ 5,50 para cada 100 kWh. No caso da bandeira amarela, o reajuste foi de R$ 1,50 para R$ 2,50 a cada 100 kWh.
Eduardo Braga explicou que o governo federal tem analisado os indicadores de consumo diariamente e também já considera os ajustes para projetar o comportamento de consumo de energia no País. No ano passado, lembrou o ministro, o Carnaval ocorreu em março, ao contrário deste ano, em que a festividade foi realizada em fevereiro, o que provoca mudanças sazonais importantes no ritmo de consumo.
Campanha
Em um prazo de sete a dez dias, o governo pretende lançar uma campanha de conscientização de consumo de energia. A iniciativa, associada a outras medidas de estímulo ao aumento da geração e da oferta de energia no Sistema Interligado Nacional, deve resultar em uma redução ou equivalência de redução de 5% no consumo de energia no sistema em 2015. Braga destacou ainda que, hoje, as condições projetadas para o ano são mais otimistas do que aquelas do final de janeiro e, por isso, a possibilidade de um racionamento ser anunciado é menor.
Bancos querem juros maiores
São Paulo. Os três maiores bancos privados do Brasil estão interessados em participar de novo empréstimo às distribuidoras de energia, no montante de pelo menos R$ 3,15 bilhões, desde que os custos do financiamento reflitam riscos e prazos maiores, afirmaram, à agência Reuters, três fontes com conhecimento das negociações.
O governo federal pediu a Itaú Unibanco, Bradesco e Santander Brasil esta semana para permitir que as distribuidoras de energia comecem a pagar os dois empréstimos anteriores, que somam R$ 17,8 bilhões, apenas no final de 2017, em vez deste ano, disseram duas das fontes. Atualmente, os empréstimos estão previstos para começar a serem pagos e repassados às tarifas dos consumidores nos reajustes deste ano. Mas o governo quer reduzir esse impacto nas tarifas e na inflação, após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) já ter autorizado neste ano uma revisão extraordinária que terá um efeito médio nacional de 23,4%.
Mas, segundo uma fonte do próprio governo, o aumento da carência não foi bem recebido pelos bancos. O que está na mesa de negociações agora é a ampliação do prazo de pagamento dos empréstimos.
O governo propôs aos bancos aumentar o prazo de dois para seis anos, e está aberto inclusive a negociar a taxa de juros em troca dessa ampliação.
Os bancos devem apresentar na próxima semana uma nova proposta ao governo federal. Representantes das instituições financeiras e do governo não comentaram o assunto.
Protagonista
Mudança de hábitos após aumento de 18%
O valor da conta de energia de fevereiro surpreendeu o engenheiro Claudio Cavalli, devido ao aumento de 18,5% no valor da fatura, ante igual mês de 2014. Segundo o engenheiro, a média de consumo da família continua a mesma, mas o valor passou de R$ 270 para R$320. “Estamos em uma situação de mudanças radicais de hábitos”, diz, ressaltando que como medida de economia serão desligados os chuveiros elétricos e o ar-condicionado.
Diário do Nordeste

Ex-BBB Aline posa para o Paparazzo



Aline Gotschalg posa para o Paparazzo
Aline Gotschalg posa para o Paparazzo

Após a saída de Aline da casa do BBB 15, muita coisa mudou entre Fernando e Amanda. Mais próximos no jogo os brothers estão vivendo uma clima bem amigável.
Mas é notório que a sister ainda nutre uma paixãozinha pelo bonitão carioca.
Aqui fora acompanhando tudo está Aline, que diz não se abalar com as investidas da morena.
”Confio no meu taco. É feio para ela, que não se valoriza”, diz a mineira sobre o comportamento de Amanda em relação a seu namorado no ‘BBB 15′.
A loira posou para o Paparazzo, e as fotos devem sair em breve. Nos bastidores Aline conta que os planos para o futuro com Fernando é um lindo casamento. “E vai ser a curto prazo. Sei que a saída é tumultuada, que preciso esperá-lo, pois não posso decidir sozinha”.
Na torcida, para ela Fernando será o campeão desta edição.”Entrei para ganhar R$ 1,5 milhão e ganhei um namorado, o amor da minha vida. Mas se ele sair com o prêmio, vai ser perfeito. Ganho os dois”, brinca.
*O Povo

Primeiras chuvas renovam esperanças no sertão cearense


O verde chega a predominar em áreas rurais, onde antes era dominado pelo cinza FOTO: A. C. ALVES
O verde chega a predominar em áreas rurais, onde antes era dominado pelo cinza
FOTO: A. C. ALVES
Nesta época do ano, quando ocorrem as primeiras chuvas, o tom cinza das matas, transforma-se em um verde vivo e viscoso. A natureza se renova, mostra o poder de mudança da Caatinga, que, em linguagem indígena, significa mata branca. A vida torna-se mais alegre no campo, com o crescimento das lavouras tradicionais de feijão, milho, arroz, macaxeira e jerimum.
Quando chega o período da quadra invernosa, as chuvas da madrugada deixam as manhãs frias. O entardecer torna-se mais alegre, com o cheiro de terra molhada se espalhando pelo campo e misturando-se ao aroma das flores nativas. A natureza se renova, no ciclo permanente, a cada ano.
Os cactos e mandacarus perdem destaque com o verde de outras plantas nativas ocupando a vegetação característica do sertão. As terras preparadas, reviradas para o plantio, se sobressaem com o tom marrom. O solo é cultivado, até que a lavoura o encubra. Em dias de chuva e quando o céu permanece nublado, o sertão se transforma mais ainda, fazendo com que a sua gente esqueça os intermináveis meses de secura, intenso calor e, ainda, aridez.
Magia
O ciclo de chuva começou a partir da segunda quinzena de fevereiro passado. Depois de um período longo de estiagem, a paisagem mudou. “Está tudo verde, mais bonito e alegre”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Iguatu, Natália Feitosa, que não abre mão de morar na localidade de Gadelha, zona rural deste Município. Todos os dias faz o caminho de ida e volta, distante 15km do centro urbano. “Acordar no campo é muito gostoso”, observou Natália.
A chuva tem essa magia de transformar o estado de espírito do sertanejo. Com verde do campo, renasce o verde da esperança. No Sertão Central, a metamorfose da natureza com as últimas precipitações começa a ser apreciada e elogiada.
Em Quixadá, conhecida por sua peculiaridade geográfica, pela formação de cadeias de monólitos, como uma das mais exóticas do Brasil, o Açude do Cedro, apesar de estar seco, com apenas 8% do seu volume, ganha destaque. Os visitantes consideram a paisagem deslumbrante, tendo ao fundo uma das mais famosas formações rochosas do Mundo, a Pedra da Galinha Choca. Em poucos dias, o monocromático acinzentado, causado pela estiagem prolongada, deu lugar a um verde exuberante.
Além de encantada, a professora universitária Alice Masteranni ficou impressionada. Esticando as férias no Ceará, com um grupo de amigas, a educadora paulista recebeu orientação dos guias turísticos para conhecer a “Terra dos Monólitos”, pela proximidade de Fortaleza, apreciar o sertão seco e ainda conhecer o Santuário de Nossa Senhora Imaculada Rainha do Sertão. “Quando subi ao Santuário, percebi a dimensão da beleza do lugar. Não é apenas o Rio de Janeiro que é abençoado por Deus. A cidade de Quixadá também é”, comentou.
Segundo a agente de turismo Priscila Almeida, a procura dos turistas de outros Estados e do estrangeiro é maior no período da estiagem. Nesta época do ano, a cidade recebe mais visitantes cearenses. Além do Açude Cedro e do Santuário, procuram a Gruta de São Francisco, a pouco mais de 5Km do Centro, e o Pedra do Ventos, um Resort, situado sobre uma serra, no distrito de Juatama. Os hóspedes podem percorrer as trilhas ecológicas e observar a natureza.
Além da flora, em breve, outro atrativo estará na culinária. Entusiasmados com as chuvas, os agricultores começaram a trabalhar nos seus roçados. Alguns já estão plantando feijão e milho. Com a natureza ajudando, dentro de 45 dias haverá um ingrediente especial na mesa do sertanejo e nos restaurantes, feijão verde com maxixe. Em 90 dias, dá para saborear o milho verde, cozido ou assado, explica o agricultor Ednaldo Leão.
Nos últimos quatro anos, a seca predominou na região. Agora, percorrendo regiões como Canindé, Caridade, Itatira, Paramoti, General Sampaio e Tejuçuoca, encontra-se outra realidade no campo. A esperança de dias melhores e fartura ressurge.
“Quando as primeiras gotas de água caem do céu, anunciando a chegada das chuvas, o sentimento de alívio invade o coração dos sertanejos que todos os anos sofrem com a escassez de água durante o período de estiagem”, observa o morador de São Vicente, em Caridade, Francisco Amaro Freitas, 65, que acredita em um ano diferente.
Segundo ele, essa beleza natural fortalece a alma, o coração e gera forças para que não desista nunca de deixar o sertão pela cidade grande. As chuvas que caíram no mês de fevereiro mudaram o cenário do campo e começaram a transformar a vida no Sertão de Canindé. O verde voltou a ser a cor predominante na Caatinga, trazendo esperança para os agricultores que já começaram a plantar a lavoura.
“O verde tomou conta do campo e expulsou a inimiga do povo, a seca”, diz, em tom de alegria, a agricultora familiar Maria do Carmo Silva, da localidade de São Bernardo, em Canindé. A recuperação da pastagem, característica da Caatinga, é um dos pontos positivos nesse momento. “Basta pouca chuva para o sertão despir-se do cinza, da miséria, da seca e ganhar uma nova roupagem, na cor verde, que traz de volta a esperança”, observa a estudante do curso de Agropecuária na Escola de Ensino Profissionalizante Capelão Frei Orlando, em Canindé, Catarina Alves Silva.
Não é preciso muita chuva para mudar a paisagem. Os pés de jurema e de marmeleiro, que compõem em grande parte a flora da Caatinga, são o exemplo mais evidente dessa transformação, pois logo com as primeiras chuvas ganham folhagem nova e exuberante.
Árvores de maior porte, embora em menor quantidade, como o pau-branco e a aroeira, também adquirem nova roupagem. A transformação geral na flora repercute diretamente na fauna. Com o reverdecimento, muitas aves típicas do bioma Caatinga retornam para o seu habitat, em época propícia para reprodução.
“Até mesmo o corrupião, uma espécie em ritmo de extinção, depois das chuvas e do verde, começa a ressurgir em nossas matas”, observa o poeta Pedro Paulo Paulino, de Vila Campos, na zona rural de Canindé.
Diário do Nordeste