sábado, 31 de março de 2012

Papa Bento XVI pede exercício de 'liberdades fundamentais' em Cuba

Diante de Raúl Castro, pontífice pediu 'sociedade renovada e reconciliada'.
Papa também criticou 'medidas econômicas restritivas' à população cubana.


O Papa Bento XVI pediu, nesta quarta-feira (28), em Havana, que as autoridades cubanas concedam o pleno exercício das "liberdades fundamentais" aos cubanos, ao mesmo tempo em que condenou as "medidas econômicas restritivas", impostas pelo embargo americano, que penalizam o povo da ilha.
Durante cerimônia de despedida, no aeroporto, na presença do presidente Raúl Castro, antes de partir em direção a Roma, o Papa destacou novamente a necessidade de Cuba "edificar uma sociedade renovada e reconciliada, com horitontes amplos".
Bento XVI acena para população durante sua partida para o aeroporto, em Havana (Foto: Ismael Francisco, Cubadebate / AP)Bento XVI acena para população durante sua partida para o aeroporto, em Havana (Foto: Ismael Francisco, Cubadebate / AP)
"Que ninguém se veja impedido de participar desta tarefa apaixonante por uma limitação de suas liberdades fundamentais", insistiu.
Antes, num discurso breve, o presidente cubano Raúl Castro felicitou-se pela visita que, segundo ele, "desenvolveu-se num contexto de compreensão mútua".
"Cuba sempre teve como principal objetivo a dignidade plena do homem", afirmou Raul Castro, lembrando que "ela se constrói não apenas sobre bases materiais, mas sobre valores espirituais tais como a generosidade, a solidariedade, o sentimento de justiça, o altruísmo e o respeito mútuo".
O Papa também afirmou que "as medidas econômicas restritivas, impostas do exterior ao país, pesam negativamente sobre a população" cubana, em referência ao embargo de Washington a Cuba, em vigor há meio século.
"O momento atual está a exigir de forma 'premente que, na coabitação humana, nacional e internacional, sejam erradicadas posições inamovíveis e pontos de vista unilaterais que tendem a tornar mais árduo o entendimento, e ineficaz o esforço de colaboração", observou o Papa, num apelo indireto aos Estados Unidos e a Cuba ao diálogo, fazendo evoluir suas atitudes radicais.
"As eventuais divergências e os problemas devem ser resolvidos com a busca infatigável de um diálogo paciente e sincero, na compreensão recíproca e numa verdadeira vontade de ouvir, que aceite objetivos portadores de novas esperanças", considerou.
O Papa também evocou a questão da educação e da liberdade: "o respeito e a cultura da liberdade (...) são imprescindíveis para responder de forma adequada às exigências fundamentais da dignidade, e para construir, assim, uma sociedade onde cada um se considera um protagonista indispensável pelo futuro de sua vida, de sua família e da pátria", disse Joseph Ratzinger numa crítica ao dirigismo e à ausência de iniciativas pessoais, comuns aos sitemas comunistas.
"Cuba, faça reviver a fé de seus ancestrais, tirando dela a força para construir um futuro melhor", lançou o Papa ao final de seu discurso de despedida.
                                         FOTO    VALMIR

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