quarta-feira, 2 de abril de 2014

Uso de água gera conflito na zona rural de Quixeramobim




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 Pequenos produtores rurais da localidade de Riacho da Pasta, na zona rural deste 

município, reclamam da política utilizada pela Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh) para distribuição de água no eixo de transposição da adutora Fogareiro - Pirabibu. A água, bombeada através do sistema de adução, deveria abastecer aquela comunidade. Todavia, a Cogerh fechou as válvulas, impedindo a passagem do recurso de abastecimento das suas barragens e irrigação dos seus pastos. A denúncia é feita pelo presidente da Associação de Moradores da Comunidade de Pasta, José Arnou Patrício.

Conforme o líder comunitário, mais de 60 famílias de pequenos produtores rurais daquela área, situada a 17Km do Centro de Quixeramobim, estão sendo afetados pela manobra realizada pela Cogerh, para eles, irregular. A adutora, com cerca de 10km de extensão, foi construída para abastecer o Açude Pirabibu e, no caminho, dar assistência a comunidades produtivas onde os recursos hídricos do Açude Fogareiro não chegavam no município. Todavia, a água está ficando pelo caminho. O desabastecimento está matando o rebanho leiteiro e causando prejuízos econômicos, apontam.
A situação enfrentada por José Arnaldo Filho é um exemplo. Ele possui 50 cabeças de gado, a metade leiteira. Há dois meses está sem água. Sem abastecimento, deixou de produzir 250 litros de leite por dia. Além dele e de outros 11 produtores da Pasta, várias outras comunidades, dentre elas a de Ferro Sete, Camarão, Santa Helena, Umarizeira, Ladeira e Angico também foram afetadas. Muitos estão revoltados. "Quando a adutora passou a funcionar, 20% da cota de água deveria ser destinada ao Riacho da Pasta", acrescentou o produtor rural César de Oliveira.
Não bastassem esses problemas, os moradores reclamam ainda da situação de abandono da rede adutora. Desde a entrega da obra à Cogerh, em 2006, pela Superintendência de Obras Hídricas (Sohidra), nunca foi realizada manutenção da adutora e nem na trilha dos dutos, conforme afirmam. A maior parte dela está tomada pelo mato e, em alguns trechos, a tubulação está exposta. Oliveira responsabiliza a Gogerh pelo abandono. Também atribui o corte da água para sua comunidade a uma retaliação da gerência do órgão na região, por protestarem e denunciarem as irregularidades.
A reportagem acompanhou produtores moradores da localidade de Pasta até a estação adutora, na jusante do Açude Fogareiro. A vegetação nativa realmente encontra a faixa da rede adutora. No caminho, também foram detectados focos de desperdício de água. Em um dos pontos, numa das caixas de transposição, um caminhão tanque captava água, com forte odor para uma obra de estrada. Entretanto, os moradores de Pasta afirmam que dali a água sai para o consumo humano.
A respeito do problema, a gerente da Cogerh em Quixeramobim, Thelma Pontes, havia informado em entrevista a TV Diário não se tratar de nenhuma retaliação aos moradores da localidade. Apenas estão priorizando o abastecimento humano, em áreas onde existem mais famílias concentradas. Quando o nível do Açude Fogareiro voltar a subir, o bombeamento será regularizado novamente. Acerca da manutenção da adutora, uma equipe da Sohidra realizará os levantamentos técnicos e em seguida o orçamento para a licitação dos serviços necessários.
Acerca do uso da água da adutora Fogareiro - Pirabibu, a decisão foi tomada por uma comissão especial, formada por representantes dos Poderes Estadual e Federal, com 20% dos membros, do Poder Municipal, com o mesmo percentual, ainda 30% de representantes da sociedade civil e outros 30% de usuários.
"Nelas são feitas mediações preliminares, para situações mais pontuais. Foi o caso de Quixeramobim. Eles se reúnem ordinariamente, mas também realizam encontros extraordinários para definir prioridades", explica o gerente de Gestão Participativa da Cogerh, Ubirajara Silva.
Além das Comissões, formadas para gerenciar os recursos específicos de cada açude, existem também os Comitês Gestores de Bacias Hidrográficas. Conforme o gerente, são12 no Estado. Havendo contestação acerca das deliberações de uma Comissão, a parte interessada pode recorrer ao Comitê de sua região e até a uma instância maior, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, formado por representantes do Governo, de Universidades e um conselheiro nomeado pelos comitês.
Entretanto, a prioridade é o abastecimento humano, conforme estabelece a lei estadual 14.481, sancionada no dia 20 de dezembro de 2010. "Em matéria de uso desse precioso recurso natural o Ceará foi o segundo Estado brasileiro a definir legislação especial a esse respeito", ressaltou Silva.
Bacias hidrográficas
Este ano, a situação das bacias hidrográficas está sendo atípica. Nesta época do ano, a locação de água costuma ser interrompida, para armazenar mais nos reservatórios. Mas como a chuva ainda não chegou e está faltando em todas as regiões, novas deliberações estão sendo adotadas, de acordo com as necessidades. Por conta delas, os conflitos são constantes em todas em todas as regiões.
Conforme dados do Portal Hidrológico do Ceará, apenas um açude está sangrando no Estado, o Tijuquinha, no município de Baturité. Outros dois, o Curral Velho, em Morada Nova e o Gavião, em Pacatuba, estão com volume de água superior a 90%, mas a maioria, 106 reservatórios gerenciados pela Cogerh, estão com volume inferior aos 30%. Desse total, 35 estão com menos de 5% de água e mais dois, estão totalmente secos. A cota de aporte hídrico do Estado ainda é de 30,8 % da sua capacidade total de reserva, equivalente a 5.799 bilhões/m³.
Alex Pimentel
Colaborador
Acumulado de chuvas no trimestre tem queda de 30,3% sobre a média

Limoeiro do Norte Encerrado o primeiro trimestre do ano, a Funceme constatou melhora no acumulado de chuvas em relação ao ano passado. Porém o percentual ainda é muito abaixo da média do Estado nesta época do ano. Ainda segundo o órgão, apesar das chuvas ocorridas com mais frequência nas últimas semanas, é mantido o prognóstico de chuvas abaixo da média histórica. O acumulado dos três primeiro meses deste ano foi de 301,1mm, segundo dados da Funceme.
O resultado é melhor do que o acumulado no ano passado, que foi de apenas 177,6mm no primeiro trimestre. Porém, segundo afirmou o meteorologista Leonardo Valente, apesar de este ano o acumulado ter apresentado uma leve melhora, em comparação com 2013, ainda é muito abaixo da média normal para o período, que é de 432mm. "Este ano o acumulado ficou negativo menos 30,3% em comparação com a média do período. Em 2013 a diferença negativa foi de 58,9%", afirmou.
Ainda segundo o meteorologista, a tendência se mantém a mesma até o final da quadra, de chuvas irregulares e abaixo da média histórica. "As previsões para os próximos dias apontam uma tendência de que a Zona de Convergência Intertropical siga atuando no Estado, propiciando chuvas em todas as regiões do Estado até quinta-feira", explicou. Para o fim de semana, Valente afirmou que haverá uma redução de chuvas, mas podendo haver precipitações de formas isoladas, principalmente nas regiões Centro e Norte do Estado.
Ontem, a Funceme registrou chuvas em parte do Ceará, estando mais concentradas nas regiões Centro e Norte. As chuvas atingiram apenas 79 municípios, após um fim de semana chuvoso. A maior precipitação foi em São Luís do Curu, no Litoral do Pecém (50mm). Também nesta região choveu nas cidades de Pentecoste (46.2mm), Umirim (25mm) e São Gonçalo do Amarante (18.2 mm).
Na região Jaguaribana, a chuva foi intensa em alguns municípios e rápidas e mais amena em outros. Em Limoeiro do Norte, foi registrado apenas 1.2mm, enquanto na cidade de Jaguaruana, onde a maior chuva da região foi registrada, ficou em torno dos 44.2mm. Nesta região também choveu nas cidades de Russas (27mm) e Morada Nova (26.8mm). Na região Norte e Na região da Ibiapaba houve chuvas isoladas, bem como na região mais ao Centro/Norte do Estado. Nas regiões dos Sertões do Inhamuns, Centro-Sul e Cariri não foram registradas chuvas em nenhum dos municípios até a manhã de ontem, segundo boletim da Funceme. Com exceção da cidades de Umari (24 mm) e Icó (2 mm). O nível de açudes no Ceará continua sem recarga significativa em diversas regiões. No Vale do Jaguaribe, o Castanhão está com 38.55% da sua capacidade, a cota mais baixa registrada na sua história.
ELLEN FREITAS
Colaborador
Mais informações

Associação de Moradores da Comunidade de Pasta
(88)3441.3724
Cogerh – Fortaleza
(85)3218.7020



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