sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Câmara de Quixadá vem logo depois da de Ibaretama na lista de aberrações jurídicas

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Não estranhe a Pedra da Galinha Choca de cabeça para baixo. É uma homenagem ao dia de hoje!
Na eleição de sua nova mesa diretora para o biênio 2015/2016, a Câmara Municipal de Ibaretama tentou estrear no último dia 12 deste mês uma modalidade que podemos chamar de “ganha quem perde”. A atual presidente, vereadora Tereza Carla, declarou-se vencedora após perder a disputa por 4 votos a 5. Em decisão datada do último dia 18, a Justiça disse que tudo aconteceu “ao arrepio da legalidade”, e anulou a sessão.
Por sua vez, nesta sexta-feira, 19, a Câmara de Quixadá tentou inaugurar a modalidade que podemos chamar de “socar o braço na goela do pinto.” A bancada governista pulou no bonde das aberrações jurídicas e elegeu, em uma sessão atravessada por irregularidades, um novo presidente. A bancada de oposição não ficou para trás e também deve algumas explicações.
Quais são os fatos?
A sessão foi iniciada no horário regimental, exatamente às 9 horas da manhã. O presidente Pedro Baquit, que se tivesse presidido a Santa Ceia, no século I, a teria iniciado com meia hora de atraso, desta vez acertou os ponteiros e começou exatamente na hora que deveria começar. Ordenou a chamada dos vereadores e constatou a falta de quórum, ou seja, não havia vereadores suficientes, em número de 9, para iniciar os trabalhos. Mais uma vez o presidente obedeceu o regimento e esperou 15 minutos. Passados os 15 minutos, ordenou uma nova chamada. Novamente não havia quórum. Exercitando seu papel de magistrado na casa declarou encerrada a sessão. Após isso foi lavrada uma ata onde tais detalhes foram registrados. Tudo dentro da legalidade, conforme assevera a bancada de oposição. A julgar pelo que dizem os advogados da oposição,  nem Camões com um chicote na mão conseguirá desfazer esse procedimento.
Acostumada aos horários irregulares, a bancada governista entrou no plenário depois das 9h30min e encontrou a sessão encerrada. “Mas Pedro foi covarde, sempre começou depois de 9:30″, pode, talvez, choramingar algum edil mais inocente, se é que essa palavra combina com a vereança. Azar! Quem mandou ir dormir de madrugada fechando acordos com o lado negro da força? Se Pedro não foi coleguinha por começar a sessão atrasada como sempre, paciência! O homem agiu dentro da legalidade!
Laércio Oliveira e uma banda do hemisfério joanino não aceitaram o encerramento da sessão. Do alto de sua potência como segundo secretário da mesa diretora, Laércio sentou-se na cadeira da presidência, aprumou-se  em direção ao bairro São João, sua Meca, e determinou que os atrasados se sentassem. Após isso ligou o avast e processou uma busca pelo presidente da casa. Nem gabinete, nem corredores, nem banheiros, nem cozinha, nem escondido no forro! Pedro já havia ido embora, assim comoKleber JúniorAudênio MoraesHigo CarlosDudu e todos os outros 350 candidatos. Mesmo assim, Laércio não desistiu. Chamou para compor a mesa alguns suplentes de vereadores que não estavam de licença. Até o espírito do Barão de Itararé se fez presente, sentou-se solenemente, cruzou as pernas e ficou coçando a barba ao passo que a legalidade persistia sendo arrepiada, em moldes mais grotescos que aqueles usados em Ibaretama. A bancada governista queria um presidente hoje, nem que fosse preciso abrir a votação usando um pé de cabra.
E assim se deu.
Iniciada a votação, só deu Duda. Fulano: Duda. Cicrano: Duda. Beltrano: Duda. Os votos mais aguardados eram os dos vereadores Kelton Dantas e Luiz do Hospital, a quem se atribuíam recentes negociações com a bancada do prefeito. Tidos como vereadores altamente críticos à gestão, os dois não fizeram cerimônia e declinaram: “Habemus Presidente. Eminentissimum ac reverendissimum Dominum,Dominum Duda.” Ao som das vaias efusivas da assistência em plenário, Kelton e Luiz encurvaram-se ao poderio cavalcanteano que domina as brechas escuras do executivo. Em menos de cinco minutos, Kelton alçou voo da cadeira de principiante para a de vice-presidente.
Para completar as bizarrices, ainda fizeram um simulacro de posse, sendo que a posse só deveria ocorreu após o término do mandato do atual presidente.
Os argumentos de cada lado
Do lado da oposição, o argumento é o de que a sessão foi legalmente encerrada por falta de quórum. Uma vez encerrada, não poderia ter sido reaberta. Para uma nova votação, somente com a instauração de uma sessão extraordinária, a ser convocada pelo atual presidente, com um prazo regimental mínimo de pelo menos 48 horas de antecedência. De fato, Pedro Baquit já enviou ofício fazendo tal convocação para o dia 26 de dezembro. Logicamente, a bancada governista dará uma rabiçaca para esse procedimento e não se fará presente, tornando a sessão sem quórum.
Do lado da bancada governista também há munição argumentativa. Os vereadores que elegeram Duda e Kelton asseguram que estão protegidos pelo Regimento Interno da Câmara e pela Lei Orgânica. Entendem que Pedro Baquit atropelou a legalidade ao determinar o encerramento da sessão. Dizem que ele deveria ter suspendido a sessão até a formação do quórum suficiente.
Dia 26 vem aí. Haverá nova sessão destinada a votar o novo presidente da câmara. Até 31 de dezembro, Quixadá poderá se tornar o único município do planeta com três presidentes da câmara: um com prazo de validade ainda não vencido; outro eleito nesta sexta-feira, 19; e outro a ser eleito no próximo dia 26. Deve ser pra combinar com o poder executivo, já que o vice-prefeito afirmou recentemente desconhecer a exata quantidade de prefeitos que atuam no Paço Municipal.
Venhamos e convenhamos: depois do episódio de hoje, Quixadá está mais xadanizado do que nunca  !  por  | Destaques, Notícias       

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