quinta-feira, 9 de abril de 2015

FRUTAS E VERDURAS: Cultura e falta de acesso dificultam o consumo


Especialista aponta que o fortalezense opta por outros alimentos, apesar de saberem a importância dos hortifrútis. Além disso, famílias de baixa renda têm de priorizar alguns produtos por não poder fazer uma feira completa FOTO: KIKO SILVA
Especialista aponta que o fortalezense opta por outros alimentos, apesar de saberem a importância dos hortifrútis. Além disso, famílias de baixa renda têm de priorizar alguns produtos por não poder fazer uma feira completa
FOTO: KIKO SILVA
Fortaleza tem o terceiro pior índice no consumo recomendado de frutas e verduras dentre todas as Capitais, segundo pesquisa divulgada, na última terça-feira, pelo Ministério da Saúde. Dentre os motivos para números tão baixos, estão a cultura de alimentação dos cearenses, opção por outros produtos e falta de acesso devido a questões financeiras.
Na capital cearense, apenas 18% da população consome cinco ou mais porções de frutas e verduras por dia, em cinco ou mais dias da semana, quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS), informou a pesquisa, que tem como base a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014).
As capitais com melhores índices de ingestão de frutas e verduras são as das regiões Sul e Sudeste, com destaque para Florianópolis (SC) e Belo Horizonte (MG), que têm 35% e 32% respectivamente. O pior índice é o de Belém (PA), onde só 15% da população consumem os níveis adequados, pouco à frente de Rio Branco (AC), com 17%.
Em relação ao consumo regular de feijão, a história é bastante diferente. Os dados mostram que 65,7% dos fortalezenses que responderam à pesquisa ingerem o alimento em cinco ou mais dias da semana. Esse é o quinto maior consumo dentre todas as Capitais do Nordeste. Belo Horizonte é a Capital com maior consumo do produto, 81,3%, e Macapá tem o menor número, 37,8%.
O estudo mostrou que 29,4% da população consome carne com excesso de gordura, apesar de o índice ter apresentado queda ao longo dos anos – saindo de 32,3% em 2007. Os homens consomem duas vezes mais, com 38,4%, enquanto, entre as mulheres, o índice cai para 21,7%.
O professor da Faculdade de Educação e do curso de Gastronomia da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Arimateia Barros Bezerra, explicou que as práticas alimentares dos cearenses se desenvolveram com o tempo. Portanto, as hortaliças e frutas sempre foram uma raridade. A exceção acontecia durante o período de inverno. “A alimentação no Ceará é mais marcada pelo consumo da carne, arroz, feijão e também dos cereais mais secos”, afirmou.
Dessa forma, as pessoas acabaram não desenvolvendo o hábito de comer os hortifrútis, disse Bezerra. “Desde os anos 1970, várias pesquisas já mostraram que a população sabe o que deve comer, quais os alimentos mais saudáveis à disposição, mas não comem isso”, alertou.
Renda
As famílias de baixa renda acabam tendo que priorizar quais alimentos vão consumir, destacou o professor, pois não tem condições de fazer uma feira completa. “Além da seca, a sazonalidade dos alimentos é um dos fatores que elevam os preços. Com isso, a população que tem menos condições financeiras precisa focar no básico”, frisou.
Diário do Nordeste

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