segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Profissionais do sexo disputam título de Miss Prostituta em MG Carlos Eduardo Cherem

A prostituta Gabriela coloca máscara para não ser identificada, enquanto se prepara para desfilar no concurso Miss Prostituta, realizado no shopping Uai, no centro de Belo Horizonte. A filha Roberta, 20, que ajuda a mãe, faz programas para pagar a uniiversidade
A prostituta Gabriela coloca máscara para não ser identificada, enquanto se prepara para desfilar no concurso Miss Prostituta, realizado no shopping Uai, no centro de Belo Horizonte. A filha Roberta, 20, que ajuda a mãe, faz programas para pagar a uniiversidade
A prostituta Gabriela (nome fictício), 48, e sua filha, a garota de programa Roberta, 20, estão entre as 14 profissionais de sexo que disputaram na madrugada deste domingo (28), no shopping popular Uai, no em Belo Horizonte, o concurso Miss Prostituta 2014.
O evento, que integra o Festival Nacional Sem Preconceito, realizado anualmente na capital mineira, reuniu um público de aproximadamente 300 pessoas, que acompanhou os três desfiles das candidatas: de "vestidinho básico", roupa de gala e biquíni.
"Estou achando ótimo. Só tinha viajado uma vez para São Paulo", diz Roberta. Ela e a mãe são de Manaus e aterrissaram  no aeroporto de Confins, na região metropolitana de Belo Horizonte, poucas horas antes do início do evento.
A mãe é profissional do sexo há cinco anos. Há quatro meses, Roberta começou a fazer programas nos fins-de-semana para custear os estudos. Ela explica que fatura em torno de R$ 1,5 mil por mês, com programas que têm preços variando entre R$ 100 (uma hora no motel) e R$ 500 (para ficar a noite toda com o cliente). Para cursar a faculdade, a universitária gasta R$ 1.460 ao mês.
A mãe, que ainda tem dois filhos menores de idade, é responsável pelo sustento da família. Ela trabalha nos dias de semana e tem uma remuneração variável cerca de três vezes superior à da filha, entre R$ 4 mil e R$ 5 mil.
"Ela sempre foi estudiosa. Nunca deu trabalho", afirma Gabriela.
A jovem explica em detalhes, e com entusiasmo, sua dedicação aos estudos e o sonho em seguir a carreira profissional que escolheu. Pede à reportagem do UOL para não identificar em que área profissional ela pretende atuar.
"Meus colegas não sabem que sou garota de programa. É só nos fins de semana", afirma.
"Mas isso não me incomoda, não. É só um jeito de trabalhar para pagar os estudos. Todo mundo faz isso", diz Roberta.
Mãe e filha desfilam com máscaras. A filha pede para não ser fotografada. A mãe faz questão de ser clicada. Entretanto, nenhuma foi classificada para a final do Miss Prostituta 2014. Quem venceu a disputa foi Vaneska, 25, quatro anos de profissão, 1,82 m de altura e cabelos loiros.
Vaneska recebeu a faixa de Miss Prostituta 2014, uma coroa incrustada de pedrinhas brilhantes, R$ 1.000 e uma cesta de produtos de beleza. A garota, que alguns minutos depois de encerrada a disputa mudou de nome, e dizia chamar-se Milena, ficou feliz: "amei"






Milena e Karina, "nomes de guerra" da Miss Prostituta 2014, disse que não sabe o que vai fazer com o dinheiro do prêmio. Ela afirmou que não gosta de conversar sobre a profissão que exerce.
Carlos E. Cherem/UOL
A prostituta Vaneska prepara-se para desfilar no concurso Miss Prostituta 2014. Ela foi a vencedora entre 14 concorrentes em evento no shopping Uai, no centro de Belo Horizonte

Regulamentação da profissão

O segundo lugar da disputa foi vencido por Efigênia Monsueto de Paula, 54, prostituta há 20 anos. Ela recebeu prêmio de R$ 700 e uma cesta de produtos de beleza. Efigênia é de Caeté, no interior de Minas Gerais, e faz programas nos hotéis no entorno da rua Guaicurus, ao lado da rodoviária de Belo Horizonte, ponto mais tradicional de prostituição na capital mineira. Ela disse que que chega a fazer até 60 programas por dia, com preços variando entre R$ 20 e R$ 30.
"Dá para tirar uns R$ 4 mil por mês", afirmou. Efigênia é solteira e não tem filhos.
A ex-presidente da Associação das Prostitutas de Minas Gerais Maria Aparecida Vieira, 47, a Cida, explica que o concurso tem um caráter político.
"É para chamar a atenção para a regulamentação da profissão. A mulher é protegida pela legislação, mas a prostituta não. Temos de lutar pelos nossos direitos e atenção à saúde", disse. "Com a regulamentação, vai diminuir o preconceito".
Cida é garota de programa há 20 anos, fundadora da associação e está licenciada da entidade porque é candidata a deputada federal por Minas Gerais.
O terceiro lugar da disputa foi vencido por Mari (nome fictício), 30, que também faz programas há dez anos no entorno da rua Guaicurus. Ela explica que, a exemplo da Miss Prostituta 2014, evita falar sobre a profissão, mas não se negou a dizer suas impressões do concurso.
"Adorei ter participado", disse.
 









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