quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Artistas lamentam morte de Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência

Eduardo Campos em foto de junho de 2014 - Marcos Alves / Agência O Globo
Ex-governador de Pernambuco estava a bordo do avião que caiu em área residencial de Santos.
RIO – A morte do candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, abalou também o ramo cultural. Assim que a notícia sobre o acidente de avião que ia do Rio para Santos foi confirmada, no início da tarde desta quarta-feira, artistas lamentaram através de depoimentos. O jato em que estava o político caiu no bairro do Boqueirão, sem sobreviventes.
Campos foi ministro de Ciência e Tecnologia entre 2004 e 2005, no primeiro mandato de Lula, mesma época em que Gilberto Gil foi ministro da Cultura (entre 2003 e 2008). Procurado pelo GLOBO, o músico preferiu não comentar a morte do amigo porque estava muito abalado.
No Festival de Gramado para lançar “A luneta do tempo”, seu primeiro filme como diretor, o músico Alceu Valença não quis falar nesse momento sobre a tragédia, mas confirmou que Eduardo Campos tinha seu voto. Alceu, que chegou a participar de um encontro com artistas promovido pelo PSB, disse que se preocupava com o “extremismo ecológico” da candidata a vice na chapa de Campos, Marina Silva, e que gostava do “equilíbrio” de Campos.
José de Abreu, ator:
“É uma tragédia nacional. Estou de luto. Foi uma perda muito grande para a politica porque era uma liderança que estava se formando. Eu tinha uma confiança muito grande de que ele seria o candidato da esquerda para 2018″.
Fernando Meirelles, cineasta:
“Fora a tragédia para a família, o Brasil perde sua chance de uma renovação política. De volta aos caciques e oligarcas. Estou derrubado e agora sem muitas esperanças a curto prazo”.
Geraldo Holanda Cavalcanti, presidente da ABL, diplomata e escritor pernambucano:
“Estou perplexo e chocado com a notícia. Estive com Eduardo há pouco tempo, no velório de Ariano Suassuna, de quem ele era muito próximo. Sempre tive grande admiração por ele. Eduardo foi um político de vocação, uma pessoa cordata e comunicativa. Fez muito por Pernambuco e estava se projetando como líder nacional. Ainda poderia fazer muito pelo país”.
José Júnior, coordenador do Afroreggae:
“Fiquei muito muito mal, cancelei todos os meus compromissos de hoje, não tem clima. Colocaríamos um vídeo do Eduardo no nosso site hoje, quando a página voltará ao ar. Já vi o vídeo várias vezes. Ele visitou a sede do AfroReggae em maio. Ele foi agradável com todo mundo, foi uma visita bacanérrima. Ficou muito impressionado com os nossos resultados, disse que era o tipo de projeto que ele gostaria de realizar e falou que voltaria lá depois de eleito. Era um cara cheio de ideais, super jovem, brincalhão. Uma pena”.
China, pernambucano, músico, apresentador de TV:
“Fiz alguns shows na casa de Eduardo Campos, conhecia a família dele, era uma pessoa muito legal, parecia bem atualizado sobre cultura, era uma pessoa muito afável, era o tipo de político que essa nova geração de artistas conseguia conversar”.
Marcelo Tas, apresentador de TV:
“Desde o ano passado, me aproximei mais de Pernambuco, estado com qual tenho grande ligação, e conheci de perto amigos, parte da família e alguma das pessoas envolvidas na campanha dele. E pude constatar o dinamismo e especialmente a jovialidade ele. Acho que isso é o mais chocante na morte do Eduardo. Ele era jovem demais para nos deixar. Independemente de não ser partidário ou militar pela candidatura dele, com a qual eu não tenho nenhuma ligação, creio é que o que falta hoje no Brasil, ter novos ares na política. Isso é o que mais me entristece. O Eduardo representava e trazia com ele um desejo de arejar a política. E a gente perde alguém na infância praticamente de sua vida política, ele ainda poderia contribuir muito para a vida política brasileira”.
Eriberto Leão, ator:
“Eu acho muito importante, acabei de derramar minhas lágrimas de brasileiro. Ele representava a esperança, um novo paradigma na política brasileira, tinha essa vontade inequívoca e sincera de mudar a maneira como se faz política no país. Eu sou filho de pernambucana, o Leão do meu nome é de pernambuco. Eu fiz a ‘Paixão de Cristo’ duas vezes. Quando estive com Eduardo, ele me conquistou pela transparência, tinha um brilho no olhar que o ator é capaz de reconhecer, do lado uma das maiores mulhres desse país, a Marina Silva. Uma dupla poderosa. Ele faz parte de um grupo de políticos que realmente é diferente na minha opinião, momento de choque muito grande para a eleição mesmo, o Brasil perde muito com isso, vamos ver como vai ficar, eu acho que Marina deveria assumir. Afinal, a gente não pode deixar essa chama apagar”.
Luciana Gimenez, apresentadora:
“Não conhecia o Eduardo, tinha visto uma entrevista dele no (programa do) Jô (Soares), achado bonito, alto, de olhos claros, jovem, diferente do que costumamos ver na politica. Me chamou atenção e eu pedi para entrevistá-lo. Eu gostei muito dele, pareceu uma super pai de família, foi um querido com todos nos bastidores, simpático com a plateia. Fico chocada com qualquer acidente de grandes proporções, ainda mais com um que envolve uma pessoa com quem eu tive contato muito recente. Foi um baque. Um cara com uma família enorme, vai deixar cinco filhos sem pai. A minha solidariedade a todos”.
Cláudio Aguiar, presidente do PEN Club do Brasil, amigo da família e conterrâneo de Eduardo Campos:
“Eu fui muito amigo do pai dele, Maximiano Campos, e da mãe, desde a década de 1970. Eu sempre digo que vi esses meninos, o Eduardo e o Antônio (irmão), de calças curtas. Estou muito transtornado, é uma perda irreparável dentro das lideranças nacionais que tinham a responsabilidade de fazer a política do país. Primeiro foi o Ariano Suassuna, agora o Eduardo Campos. Muitos amigos de Pernambuco me ligaram chorando. Estávamos assistindo a uma campanha de esperança e renovação e sofremos esse abalo de repente. Ele foi uma liderança testada. Tinha experiência como deputado, secretário de estado, ministro e governador. Ele não estava só, trazia com ele toda uma geração que tinha muita esperança, que continua lutando para renovar a política, contra tudo isso que estamos vendo aí e que provoca uma desesperança na população brasileira em relação à política. Fiquei chocado com a notícia”.
O Globo

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