quinta-feira, 3 de julho de 2014

Fifa não comenta escândalo na Copa



A Fifa segue sem comentar a prisão de 11 suspeitos em um esquema de cambismo com ingressos cedidos pela entidade a seleções da Copa do Mundo. “Estamos muito felizes que a Polícia do Brasil está tomando todas as ações para combater a venda ilegal de ingressos. Mas não estamos em condições de fazer comentários”, disse a porta-voz da instituição, Delia Fischer. O esquema, que faturava até R$ 1 milhão por jogo do Mundial, foi desmontado na terça-feira, com prisões no Rio e em São Paulo. A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio suspeitam da participação de integrantes da Fifa, da CBF e das federações de futebol da Argentina e da Espanha.
A quadrilha, liderada pelo argelino Mohamadou Lamine Fofana, vinha sendo investigada há três meses. Houve interceptação de telefonemas do chefe da quadrilha para a Granja Comary, em Teresópolis, local da concentração da seleção brasileira. “Lamine fez vários telefonemas para a Granja Comary na busca por ingressos. Suspeitamos que alguém repassasse a ele os bilhetes, após a desistência dos jogadores. Ainda estamos apurando”, declarou o promotor Marcos Kac. Durante toda a última segunda-feira, Lamine oferecia por R$ 3.000 o ingresso para Argentina x Suíça. A Polícia estima que a quadrilha pretendia faturar R$ 200 milhões nesta Copa do Mundo. Os cambistas agiam via agências de turismo em Copacabana, uma delas de fachada.
Dez ingressos apreendidos pertenciam à comissão técnica do Brasil. A suspeita da Polícia é que o intermediário do argelino tenha contato com a Seleção e livre acesso à Granja Comary, mas não integre a comissão técnica. “Temos elementos que [mostram que] seleções desviam ingressos para cambistas através de alguém que se beneficia com essa venda. Já temos o depoimento de um indiciado que trabalhava para essas três seleções”, afirmou o delegado Fábio Barucke, responsável pelo caso.
O esquema de venda de ingressos, segundo a apuração, funcionava desde a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. No Brasil, por meio de escutas telefônicas e filmagens, descobriu-se que a quadrilha usou empresas de fachada para obter ingressos para jogos da Copa de diferentes formas e revendê-los por 1.000 euros (R$ 3.000) cada um. Suspeita-se que o grupo tenha adquirido bilhetes da cota da Fifa para meia-entrada e gratuidade. Os 11 presos foram indiciados sob suspeita de cambismo, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Podem pegar até 18 anos de prisão.
CONEXÃO ZURIQUE
A cada jogo, a Fifa distribui 700 ingressos para cada federação cuja seleção está em campo. Além disso, a CBF recebeu uma carga de 30 mil entradas extras por ser a federação da sede do Mundial. De acordo com a investigação, o argelino Lamine passava horas em telefonemas para Zurique (Suíça), cidade-sede da Fifa, o que levantou a suspeita de envolvimento de membros da entidade. O argelino usava um carro com credencial da entidade. Entre os telefonemas, havia contatos com jogadores e ex-jogadores de diferentes países.

Fonte: O Estado CE

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