quarta-feira, 6 de março de 2013

Cajucultura Praga destrói pomares de caju em Ibaretama



Dezenas de hectares de cajueiros da zona rural de Ibaretama estão ameaçados pela praga da "mosca branca". O problema foi detectado recentemente no distrito de Oiticica, uma área tradicional no cultivo dessa cultura.

Além da preocupação com a recuperação dos cajueiros, técnicos rurais temem a expansão da praga para as regiões vizinhas do Sertão Central. Ocara, Chorozinho, Aquiraz e Cascavel podem ser afetadas se não for iniciado trabalho de prevenção e combate ao inseto predador.



O quadro preocupa ainda mais os produtores, que tiveram no ano passado uma safra irrelevante, por conta da seca. Muitos pomares são formados por árvores antigas e pouco produtivas.

O agropecuarista Raimundo Queiroz, mais conhecido como Raimundinho, avalia a situação como grave. Na opinião dele, se não for adotada medida emergencial, os investimentos feitos nas últimas décadas, com a expansão dessa cultura e o plantio de cajueiros anões precoces, serão transformados em lenha.

Vocacionado
Embora Ibaretama seja um município vocacionado à agricultura de sequeiro e à pecuária de pequeno porte, a castanha é uma importante fonte de renda. Tão preocupado quanto o cajucultor está o trabalhador rural Carlos Alberto dos Santos.

Com as primeiras chuvas do ano, ele começou a gradear a terra de sua família, pouco mais de cinco hectares. As primeiras folhas do feijão começaram a brotar, mas todo o trabalho pode ser em vão. Na área trabalhada existem cerca de 600 cajueiros que também foram atacados pela mosca branca. Sintomas da ação do inseto predador já estão aparecendo no feijão.

Ele confessa não ter como combater a praga. Precisa de borrifadores e trabalhadores para subirem nas árvores, algumas com mais de 15 metros de altura. O presidente da Associação dos Cajucultores do Estado do Ceará (Ascaju), João Batista Ponte, informou não haver muito problema para eliminar a mosca branca. Com crédito e assistência da Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce), o minúsculo inseto voador pode ser eliminado. A falta de chuvas, deixando as plantas mais vulneráveis, e outro inimigo natural, o oídio, também denominado "cinza do cajueiro", preocupam mais.

Ainda há a resistência do Ministério da Agricultura e da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para liberar o enxofre, componente utilizado para combater a doença. Outra crítica do presidente da Ascaju está relacionada aos bancos oficiais. Anistiam quem está na faixa da agricultura familiar, mas não perdoam os pequenos e médios produtores. Essa questão foi debatida, na segunda-feira passada, num encontro de representantes da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec) com técnicos da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e gerentes de bancos, em Fortaleza. "Sem o apoio econômico, será impossível escapar dos efeitos da natureza e de combater qualquer praga, principalmente a burocrática", disse.

Conforme o técnico e coordenador da Ematerce no município, engenheiro agrônomo Edvando Maia, empresa de assistência rural, juntamente com a Secretaria de Agricultura de Ibaretama, farão o mapeamento da incidência da praga.

O objetivo é determinar o grau de infestação. Posteriormente, estudar a estratégia de combater o problema específico. "Será levada em consideração o tratamento preventivo, a capacitação dos produtores e o tratamento curativo sem agressão ao meio ambiente", explicou o especialista. Na avaliação do especialista da Ematerce, inicialmente a praga precisa ser controlada dentro do sistema produtivo. Isto significa que, além de quem explora a cultura do caju, todos os produtores da cadeia agrícola produtiva no município devem ser orientados a participarem de um combate coletivo.

Estratégia
Essa estratégia está sendo idealizada pela Ematerce e Secretaria de Agricultura do Município para controlar o ataque.

"Podemos citar algumas recomendações que serão discutidas tecnicamente, levando em conta a viabilidade da ação e as particularidades de cada produtor: destruição dos restos de cultura e preparo do solo antecipado; evitar o escalonamento do plantio, adoção de barreiras vivas, adoção de quebra-ventos entre os talhões, uso de culturas repelentes próximas às culturas comerciais, monitoramentos frequentes nas áreas cultivadas e imediações, vazio sanitário, e a aplicação de mistura de óleo vegetal, sabão neutro e água conforme recomendação técnica", completou. Segundo o especialista Edvando Lima, o inseto conhecido como mosca branca, na verdade não pertence à família das moscas comuns.

Este inseto ataca o cajueiro e outras plantas, sugando a seiva da planta. Seu ataque é mais frequente no período em que a planta começa a emitir folhas jovens e brotações florais (floração).

Toxinas
A praga causa a má formação das flores e, consequentemente, impossibilita a formação de frutos (queda na produção). Além de sugar a seiva da planta, a mosca branca ainda injeta toxinas. Ao sugar a seiva, o inseto transmite vírus que hospeda em seu trato digestivo, sendo este responsável pela diminuição da produtividade da planta e por anular o seu crescimento.

A temperatura pode definir efetivamente o ciclo de vida desta praga, o que pode variar de 15 dias a 24 dias, bem como a fertilidade, o desenvolvimento embrionário e a longevidade do adulto. Assim sendo, quanto maior a temperatura, maior o número de gerações da mosca branca, podendo alcançar até 15 gerações por ano.

Entretanto, a precipitação pluviométrica contribui de forma negativa neste inseto, reduzindo suas populações. A colheita do caju ocorre regularmente de setembro a novembro
. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste)

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