sábado, 2 de fevereiro de 2013

Produtores apontam seis mil mortes em rebanhos


O rebanho tem diminuído com a seca (Foto: Honório Barbosa)

"Ó Deus, cadê a chuva que não chega? O gado está morrendo e não temos mais condição de dar ração a todos os animais". O clamor do criador, Aldeci Alves Vieira, 77 anos, da localidade de Riacho Vermelho, na zona rural deste município, na região Centro-Sul, é um lamento diário de milhares de produtores rurais, ante o temor de um segundo ano de estiagem no sertão do Ceará. Nas áreas de criação e nas margens das rodovias, as carcaças de bovinos mortos denunciam a gravidade da seca que atinge o nosso Estado desde o ano passado.

O desespero toma conta dos criadores, tanto da agricultura familiar, quanto dos pequenos, médios e grandes produtores. Os estoques de ração estão acabando. O milho vendido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é insuficiente para atender até mesmo 30% da demanda. As reservas de água também estão se esgotando.

Somente na região de Brejo Santo, no Sul do Ceará, já morreram cerca de seis mil animais, em oito municípios, segundo estimativa do escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce). O gerente regional do órgão, José Dias Ferreira, estima que esse número irá triplicar, caso a chuva não chegue logo. "Os animais estão morrendo, não temos mais o que fazer, sem condição de comprar ração e a situação está piorando a cada dia", disse o criador, José Vicente Lima.

Para o presidente da Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec), Flávio Sabóia, a realidade é de desespero e tende a se agravar, caso ocorra uma nova seca. "Os clamores vindos do Interior chegam a nós todos os dias", disse. "Estamos vivendo um momento de expectativa", acrescenta.

De um total de cem bovinos, o criador Aldeci Vieira já perdeu 26 animais, entre vacas e bois, de sua propriedade. "Os mais fracos estão morrendo de fome", disse. "A gente vai dividindo a ração, dando a uns e outros não, mas agora acabou o estoque, e não tenho mais condição de comprar, e o pior é ver os bichos morrerem", destaca.

De um médio produtor, em Jucás, com plantel de 500 bovinos, já morreram 100 animais. Sobre a estimativa de mortandade de gado no Ceará, o vice-presidente da Faec, Paulo Hélder, esclareceu que a Federação trabalha com dados divulgados pela Agência de Defesa Agropecuária (Adagri) que é de 2% para morte e de 1% para transferência para outros Estados. Esses índices divergem dos relatos apresentados pelos criadores. Fonte: Honório Barbosa/Diário do Nordeste

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