As mulheres estão aderindo a uma moda que pode ser “perigosa”: a cirurgia de correção dos lábios vaginais – a ninfoplastia. O crescimento deste tipo de intervenção tem sido observado por especialistas da cirurgia plástica nos últimos anos, tendo ultrapassado a barreira de 1 milhão de cirurgias por ano nos Estados Unidos e no Reino Unido. No Brasil, o número de cirurgias registrou um crescimento de 50% nos últimos dois anos, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Algumas clínicas de João Pessoa chegam a realizar até seis cirurgias por mês e o total de intervenções feitas por seis médicos entrevistados pela reportagem é de 15 cirurgias por mês. Os médicos não divulgaram o valor dessa cirurgia.
O cirurgião plástico Saulo Montenegro diz que há dois anos fazia apenas uma cirurgia a cada 30 dias, mas hoje este número cresceu para seis. Ele atribui o aumento ao fato de que a ninfoplastia está bem mais acessível financeiramente que há 10 anos. “As mulheres estão mais independentes financeiramente, então elas podem bancar uma cirurgia íntima, algo muito pessoal, que antes teriam que pedir aos seus maridos”, analisa Saulo. A cirurgia é recomendada apenas em casos de defeitos congênitos, porém a maioria das mulheres faz a reconstituição por razões estéticas.
Perigos
O cirurgião plástico Antônio de Aracoeli Ramalho adverte que “a cirurgia se feita com critério, tem resultados excelentes, mas se não for realizada de forma adequada pode resultar no endurecimento dos pequenos lábios, gerando dor e desconforto na hora da relação sexual”. Já o cirurgião Saulo Montenegro, acrescenta que uma cirurgia malfeita também acarreta transtornos psicológicos e que, para evitar este tipo de situação, a ajuda médica é essencial: “antes de querer fazer a cirurgia, é recomendável que se procure um especialista credenciado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, pois ela pode causar uma deformidade permanente”, alerta Saulo.
Outra implicação da ninfoplastia é o risco de infecções. O cirurgião Mário Augusto Ferreira disse que a retirada excessiva dos lábios vaginais “pode deixar exposto o trato geniturinário da mulher, causando vaginite ou infecção urinária”.
Várias técnicas
O cirurgião plástico Wagner Leal – que atua em João Pessoa há cinco anos – explicou que há várias técnicas para os procedimentos que envolvem correções na parte externa do órgão sexual feminino. “Existe a ninfoplastia que é a técnica usada para a correção dos pequenos lábios – que, às vezes, não são tão pequenos assim e causam embaraço – podem interferir no ato sexual e deixar algumas mulheres inseguras. Há outras técnicas para correção da vulva, dos grandes lábios e do monte de vênus”, explicou.
Segundo o cirurgião, as cirurgias duram em torno de 30 minutos, e, embora as considere de baixo risco, prefere fazê-las em ambiente hospitalar, porque demanda anestesia local e sedação. “Não há maiores complicações, mas o paciente precisa manter abstinência sexual por 30 dias e pode sentir algum desconforto no ato sexual, após esse período e até 60 dias depois. O médico disse que não notou um aumento da demanda em seu consultório e que realiza entre uma e duas cirurgias por mês. Outras cirurgias mais convencionais ainda são as preferidas das mulheres.
Jornal Correio da Paraíba
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