Sem receber os repasses há mais de seis meses, as empresas que executam as obras do 1º lote do Cinturão das Águas estão em fase de paralisação dos trabalhos. A mão de obra que ainda existente não corresponde a 30% do previsto e esse número só ainda está atuando para evitar a perda total do que já foi iniciado. A expectativa é que nos próximos meses esse percentual não passe de 5% da mão de obra ideal para o serviço.
A obra é uma parceria entre estado e união e teria o intuito de garantir o abastecimento hídrico do Ceará, interligando as bacias do estado, mas já na sua primeira fase vem sofrendo com a falta de repasses do governo. A baixa tem atingido diretamente centenas de trabalhadores que atuam nos canteiros de obras dos trechos 3, 4 e 5 do lote 1 do empreendimento.
O Secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Francisco Teixeira, visitou os trechos da obra durante essa quinta-feira, dia 13, acompanhando a movimentação que ainda há nos canteiros de obras e já tem conhecimento das paralisações. Mas as medidas de suspensão das obras ainda não foram admitidas oficialmente pelo governo.
Em pelo menos dois lotes, material das construção, como ferro, telha e madeira já foram saqueadas. Isto por conta do abandono de alguns trechos da construção. No distrito de Monte Alverne, na cidade de Crato, proprietários de terras temem que com o abandono da obra a chuva possa provocar deslizamentos nas montanhas de terra que se acumula ao lado dos tubos e soterre as plantações nos baixios.
A reclamação também se estende a algumas famílias que foram desapropriadas para a passagem do cinturão das aguas. O senhor Antônio Cariri afirmou que não recebeu o total acordado pelas indenizações, além do baixo valor que foi avaliado seu terreno. Segundo conta, teve desapropriado oito tarefas de terra pelo valor de R$ 39 mil (trinta e nove mil reais), mas só teria recebido R$ 32 mil (trinta e dois mil reais) e diz já ter perdido a esperança de receber o restante.
O primeiro lote da obra estava prevista para ser concluída, em sua primeira etapa, em setembro de 2015, mas esse prazo não será cumprido e necessitará de aditivos.
Com a contenção nos gastos fica ainda mais inviável a conclusão da obra e a expectativa, na melhor das hipóteses, é que os trechos 1 e 2 possam ter continuidade para colher água da Transposição do São Francisco para irrigar o Rio Salgado para tentar alcançar o Açude Castanhão e aliviar a situação de seca no estado.
MISÉRIA