Procuradoria verificou que a maior parte das prisões por corrupção eleitoral foi de militantes ligados ao governador Cid Gomes, que sofre oposição de lideranças da PM
Segundo turno no Ceará pode contar com reforço da Força Nacional (FOTO: blog da Justiça/ Divulgação)
O Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) solicitou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) o envio de tropas federais para reforçar a segurança no 2º turno das eleições. A iniciativa partiu do procurador regional eleitoral, Rômulo Conrado, que protocolizou o ofício no TRE nesta segunda-feira (13).
De acordo com o Ministério Público Eleitoral (MPE), a presença de tropas federais seria necessária na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), incluindo os municípios de Caucaia, Maracanaú, Maranguape e Pacatuba, além da capital cearense. O ofício será enviado ao governador Cid Gomes (Pros), para que ele se manifeste sobre a necessidade do reforço.
O procurador Rômulo Conrado cita no ofício que tem temor de que haja limitação imposta às atividades regulares da Polícia Militar. “Destaca-se, nesse sentido, a informação de que a maioria das prisões por crimes verificada no dia das eleições incidiu sobre candidatos ou simpatizantes ligados ao atual governador do Estado do Ceará, tornando imprescindível a atuação da força policial isenta e eficiente”, consta no ofício.
Cogitação de candidatos
Em entrevista à Tribuna Bandnews FM, o candidato Eunício Oliveira (PMDB) sugeriu ao governador que convocasse a Força Nacional de Segurança para garantir a isonomia do segundo turno das eleições, no dia 26 de outubro. Segundo ele, durante a votação do 1º turno, irregularidades eleitorais supostamente cometidas por apoiadores de Camilo Santana (PT) não foram combatidas pela polícia estadual.
Camilo Santana, também em entrevista à Tribuna Band News FM, ressaltou que seria necessário “avaliar” a eventual convocação da Força Nacional. Ele chegou a defender “qualquer coisa” que seja necessária para a “democracia”. Camilo evitou entrar no mérito da existência de uma suposta milícia da Polícia Militar – tema que dominou o dia seguinte às eleições e usado por Cid como justificativa para interromper a licença e retomar o comando do Governo do Estado.
Acusações
As acusações inciaram ainda no dia 5 de outubro, quando diversos eventos geraram polêmica. Durante a manhã desse dia, Cid foi à Delegacia Regional de Sobral para ‘prestar solidariedade’ ao vereador Antônio Gaudêncio Braga, que havia sido detido por acusação de fazer boca de urna. O parlamentar municipal estava a 100 metros de distância de uma seção, no distrito de Bonfim, com dinheiro trocado (cerca de R$ 1,9 mil) e santinhos eleitorais.
Os beneficiados seriam os candidatos ao governo do Estado Camilo Santana (PT), ao Senado Federal Mauro Filho (Pros), a deputado federal Leônidas Cristino (Pros) e deputado estadual Ivo Gomes (Pros).
Passado o 1º turno das eleições 2014, declarações e troca de farpas entre aliados e oposição começaram. Ainda no dia 5 de outubro, Cid acusou Capitão Wagner (PR) de estar à frente de milícias na polícia.
Em resposta, Capitão Wagner alfinetou. “A gente soube que o governador quis se impor e agredir verbalmente o delegado [da Delegacia Regional de Sobral]. O governador está até licenciado do cargo… Não devia nem usar sua influência política para tentar soltar criminosos”, disse em entrevista à Tribuna BandNews, no dia 6 de outubro. “O vereador [Antônio Gaudêncio] cometeu um crime eleitoral, e deve responder por esse ato”, acrescentou.
Segundo o deputado eleito, a polícia prendeu quem tinha de prender, exercendo sua função durante as eleições deste ano. “Acho que ele estranhou, já que ele mesmo declarou que dentro do Executivo ocorrem várias irregularidades, como desvio de dinheiro e atos de corrupção, tentando mostrar que isso é natural ao Executivo. Na eleição, a polícia mostrou que isso não é natural”, completou.
Fonte: Tribuna do Ceará