O tempo corre, o 2º turno está chegando e os criminosos eleitorais que atuaram no 1º turno estão aí, dispostos a tudo.
No primeiro turno das eleições no Ceará diversas denúncias e flagrantes de crimes eleitorais chegaram ao conhecimento do público e das autoridades. No caso mais notório, o governador Cid Gomes foi pessoalmente a uma delegacia “prestar solidariedade” a um vereador preso em Sobral acusado de fazer boca de urna. No entender de Cid, a ação foi “um abuso em relação a pessoas de bem”. Das duas, uma: ou a polícia cometeu uma irregularidade, ou o vereador, solto após algumas horas, foi acobertado por ninguém menos que o governador do Estado. Diante disso, uma apuração urgente é mais do que necessária, é fundamental para preservar o processo eleitoral, afinal, teremos segundo turno em duas semanas. Entretanto, até o momento, ficou o dito pelo não dito.
Já o secretário de Saúde do Estado, Ciro Gomes, com o peso de quem já foi prefeito, governador, ministro, candidato a presidente e consultor informal na Secretaria de Segurança do Ceará, garante que uma milícia comandada por adversários está agindo para prejudicar a candidatura governista. A denúncia de uma suposta conspiração conta o reforço público de Cid Gomes e a anuência indireta do candidato Camilo Santana, que evita se posicionar sobre o assunto. O silêncio sobre algo grave assim é um modo consentir. E aí, de novo, das duas, uma: ou os irmãos desejam criar um factoide para dispersar atenções e lançar suspeitas sobre o concorrente (já que a tal milícia não é desarticulada, embora o governo garanta ter informações e provas a respeito, sem, no entanto, apresentá-las), ou as eleições estão com a segurança seriamente comprometida, pois o descontrole é admitido pelo próprio governo. O imbróglio chegou ao ponto de os dois candidatos – situação e oposição – admitirem a presença da Força Nacional de Segurança para garantir a lisura do pleito. Os eleitores irão às urnas nesse ambiente de dúvida?
Se pelo menos esses casos mais conhecidos não forem elucidados a tempo, se a justiça eleitoral e o governo não puderem garantir uma eleição limpa, fica o recado de que até chegar o segundo turno vale tudo. Não é tanto a impunidade que atiça criminosos eleitorais, até porque as penas não são assim assustadoras; é com a lentidão do judiciário que eles contam.
Fonte: Tribuna do Ceará
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