Agente de endemias da Secretaria Municipal da Saúde, Sidney Farias afirma que focos em paradas de ônibus têm sido recorrentes na Cidade da Criança e em outros pontos de Fortaleza
Acúmulo de água em abrigos de ônibus seria causa para o foco do mosquito. Etufor diz que solicitará manutenção na Cidade da Criança. Mais de 2 mil casos são confirmados no Estado em menos de um mês.
As picadas do mosquito incomodam mais pela manhã e ao pôr do sol, lastima Reginaldo Gomes, 33, porteiro da Cidade da Criança, no Centro. “Eles (os mosquitos) se aglomeram. Ficar de bermuda é complicado”, comentou. Nos arredores do parque, um foco do mosquito transmissor da dengue foi encontrado ontem na parte de cima de uma parada de ônibus com frente para a avenida Visconde do Rio Branco. Só neste ano, 1.316 casos da doença foram registrados na Capital.
Focos assim são observados há mais de dois anos e em outros pontos de ônibus existentes na Cidade, de acordo com Sidney Farias, agente de endemias da Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Ontem, em vistoria de rotina à Cidade da Criança, o agente constatou a presença de larvas do Aedes aegypt na parte superior de um ponto de ônibus, em poças de água acumuladas pela chuva. “É coisa reincidente. Tanto que, quando os funcionários daqui deparam com o mosquito, eu já sei onde é (o foco)”, disse.
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Em nota, a Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) informou que notificará a empresa responsável pela manutenção dos pontos de parada para providenciar a limpeza no entorno do parque. Para a administração, a medida, entretanto, é insuficiente. Nesta quadra chuvosa, seis funcionários tiveram dengue. “O remédio já foi colocado hoje, mas, se chover amanhã, já não vai ter efeito”, argumenta o gerente administrativo Bruno Stepherson.
Como providência para dispersar o foco, teve de ser perfurado o concreto do ponto de ônibus em questão, para que a água acumulada possa escoar. O POVO acompanhou a perfuração e ouviu, da administração local, que contatos para readequação dos pontos de ônibus já teriam sido feitos à Etufor, sem retorno.
“Nenhum ponto vai ter essa vazão de água. Montou uma parada, tem que fazer um córrego. Ou então, se ela (a parada) fosse íngreme, teria como escorrer a água”, recomendou Stepherson. “A Prefeitura tem instalado novos abrigos nas vias, prioritariamente onde são instaladas as faixas exclusivas para ônibus”, rebateu a Etufor.
Focos
Possíveis pontos de água parada podem facilitar a ação do mosquito no local. Diariamente, depósitos de água são distribuídos pelo parque para gatos, cachorros e gansos que lá habitam. A prática, entretanto, não preocupa a administração. “A gente troca essas águas diariamente”, informou José de Oliveira, responsável pela manutenção do jardim.
Denúncias de focos suspeitos são “extremamente importantes” e devem ser feitas, preferencialmente, para a Secretaria Regional, reforça o gerente da Célula de Vigilância Ambiental e Riscos Biológicos da SMS, Nélio Morais. “Temos 1.500 agentes de saúde para isso”.
*Opovo