Aliados pedem ajuda ao ex-presidente Lula
O novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga , visitou Lula para conversar sobre os últimos episódios no Congresso |
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi a São Bernardo do Campo quinta-feira à noite para encontrar o petista, num momento em que a cúpula do seu partido está incomodada com o tratamento que tem recebido da presidente Dilma Rousseff (PT).
Nos últimos dias, Lula falou ainda com o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), que o visitou ontem no Hospital Sírio-Libanês, com o governador Eduardo Campos (PSB-PE) e com o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), muito próximo a ele.
Apesar dessa movimentação, o ex-presidente afirmou que só retomará o "ritmo normal" de suas atividades em 30 dias. Ontem, terminou o tratamento contra uma infecção pulmonar que fez com que Lula ficasse internado por uma semana.
O ex-presidente fará exames na próxima sexta-feira (23) para checar se houve remissão completa do câncer na laringe. A expectativa é de que os exames confirmem o desaparecimento do tumor. Ontem, Lula recebeu a última dose do tratamento com antibióticos contra uma infecção pulmonar.
Segundo o jornal Folha de São Paulo, Sarney relatou a Lula que a base aliada vive momento de tensão com o Planalto e que é preciso buscar entendimento para pacificar os ânimos.
A cúpula do PMDB sentiu-se desprestigiada com a decisão de Dilma de trocar o senador Romero Jucá (PMDB-AP) por Braga, do grupo dissidente. Na avaliação dessa ala, ela valorizou um senador que jogava contra o governo federal.
Sarney disse que a visita a Lula foi de cortesia e que o tema principal da conversa foi a saúde do ex-presidente. "Ele quis falar de política, mas eu disse que estava ali para falar da recuperação dele, de como a recuperação é importante para o país".
O primeiro sinal sério de insatisfação na base foi a rejeição de Bernardo Figueiredo, indicado por Dilma, para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
O episódio foi a gota d´água que levou Dilma a trocar os líderes, o que alimentou o clima de rebelião e piorou a desarticulação política do governo.
A confusão chegou ao ápice com as idas e vindas em torno da Lei Geral da Copa. O governo cedeu à base e recuou da liberação de bebidas alcoólicas em estádios, mas teve de voltar atrás um dia depois - negociadores palacianos não sabiam de compromisso firmado pelo próprio governo com a Fifa em 2007, que garantia a venda.
A semana tumultuada levou Dilma a reforçar orientação que já havia dado à sua equipe - votar temas de interesse do governo só quando houver segurança. A presidente disse a assessores que, em caso extremo, pode prescindir do Congresso até outubro, quando terá de votar o Orçamento de 2013. Isso significa que, no atual clima, o governo não votará o Código Florestal. Em relação à Lei Geral da Copa, aposta na pressão da sociedade, por se tratar de evento popular.
Articulações
O senador Walter Pinheiro (BA), líder do PT no Senado, acredita que a crise de interlocução entre o governo e o Congresso está sendo debitada indevidamente na conta da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. "Como diz o nosso velho e bom Chico Buarque, fazendo uma analogiazinha, é o ´joga pedra na Ideli´. É fácil fazer isso (neste momento de crise entre o governo e sua base aliada no Congresso), responsabilizá-la (para encontrar um culpado)", lamentou o senador baiano.
Ele afirmou ontem temer que a crise na relação entre o governo federal e a bancada do PR no Senado Federal também chegue à Câmara dos Deputados, onde a sigla tem 40 deputados.
De acordo com o petista, no processo de reorganização da base aliada "o mar está tranquilo (no Congresso), revoltosos estão os marinheiros". "Precisamos resolver essa questão, porque só no vento, a nau não vai", avaliou o senador. O senador pregou que o PT trabalhe para se reaproximar do PR.
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