sexta-feira, 22 de maio de 2015

Mototáxi ganha espaço no Interior do Ceará


Mototáxi ganha espaço no Interior do CearáA maioria dos moradores das cidades do Interior do Ceará teria dificuldade para chegar a algum lugar se não fosse um serviço de transporte que surgiu na informalidade e procura se organizar no Estado, o de mototáxi. Além da capital cearense, Caucaia, Maracanaú e Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF); apenas Juazeiro do Norte e Crato, na região do Cariri; e Sobral, na Zona Norte, contam com linhas regulares de ônibus entre os bairros.
No restante do Estado, quem não possui transporte próprio e não quer demorar a chegar ao seu destino tem o serviço de aluguel sobre duas rodas como principal opção.
Ainda não existem dados oficiais no Estado, mas de acordo com os representantes da categoria, a população das 184 cidades do Estado do Ceará tem esse tipo de transporte de aluguel como alternativa.
Para os moradores, ao longo dos últimos anos, se tornou uma necessidade cotidiana, a ponto de ser reconhecido como utilidade pública, ao mesmo tempo propiciando milhares de empregos. Por esses motivos, a maioria dos mototaxistas está procurando se organizar e se regulamentar para oferecer um serviço de qualidade para os usuários.
Quixadá, no Sertão Central, é um exemplo. Preocupado com a imagem de quem realmente é profissional desse tipo de serviço, o presidente da Associação dos Mototaxistas de Quixadá (AMOQ), Cristiano Lopes, está procurando conscientizar quem está exercendo a atividade na clandestinidade a se regulamentar de acordo com a Lei e a se profissionalizar, com a adequação da motocicleta às normas exigidas, como também com cursos de formação para os condutores. Atualmente, apenas 100 deles estão associados à AMOQ. Entretanto, outros 900 estão irregulares na cidade, estima.
Na avaliação do líder sindical, o Município já está começando a cumprir o seu papel, apesar da falta de fiscalização por parte do órgão municipal de trânsito. O serviço já foi regulamentado em Quixadá, em 2013. Com ele, foi inclusive definido o número de vagas para mototáxi, quatro para cada 250 habitantes.
Com a norma, tendo como base os levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até 1.280 profissionais regulamentados poderão circular pela cidade. O custo do serviço, por cada deslocamento na área urbana é de R$ 3,00.
Nas rodovias
Diariamente, milhares de moradores da cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, utilizam o mototáxi para o transporte de pessoas e de produtos. O serviço se espalhou rapidamente e chegou também aos pequenos centros urbanos do Interior. Até nas rodovias que dão acesso aos distritos mais povoados e vilas rurais há mototaxistas à espera de clientes que chegam de ônibus ou de vans.
“Se não fosse o mototáxi, não sei como seria minha vida, pois pega meu filho na escola, traz almoço e lanche”, disse a lojista Cláudia Oliveira. Sem transporte público regular, os mototaxistas conduzem os moradores do centro para a periferia e vice-versa. Somente em Iguatu, são registrados, na Prefeitura, cerca de 600 profissionais, que seguem exigências legais de cadastro em um posto, colete com numeração e placa vermelha. As áreas de estacionamento são demarcadas pelo Demutran. As motos ainda não são padronizadas, mas recebem adesivos com identificação. A corrida em média custa R$ 5,00.
Em Russas, no vale do Jaguaribe, o grande desafio da classe é combater o serviço ilegal de transporte de passageiros em motocicletas. De acordo com o presidente do Sindicato dos Mototaxistas de Russas, Cosmo Silva, o número de ilegais diminuiu muito, mas ainda segue como um desafio da associação em parceria com o Departamento Municipal de Trânsito.
Cadastro
Na cidade de 75 mil habitantes, apenas 225 mototaxistas estão cadastrados na Prefeitura, onde 180 integram o Sindicato. “Nosso trabalho tem sido feito para que o serviço seja ofertado de forma segura e dentro da legalidade para os nossos passageiros”, destacou. Sobre a perspectiva de crescimento da categoria, Cosmo ressaltou que o aumento da oferta acompanha o populacional, sendo abertas novas vagas a cada estimativa do IBGE.
Representantes da Federação Interestadual das Regiões Norte e Nordeste dos Trabalhadores em Transportes de Mototaxistas, Motoboys, Moto-fretes e Taxistas (Fenordeste) no Ceará estão visitando as cidades do Interior em busca da regulamentação dos mototaxistas.
Um dos articuladores da Fenordeste no Estado é Valteclar Viera. Segundo ele, atualmente 31 mil motociclistas estão exercendo esse ofício nas cidades cearenses, mas apenas 18 mil estão legalizados. Além de Crateús, onde o serviço teve origem no Brasil, ele citou Sobral como um dos municípios mais organizados do Interior em relação a essa atividade profissional.
FIQUE POR DENTRO
Pioneirismo no País foi da cidade de Crateús
O primeiro serviço de transporte alternativo de pessoas em motocicletas, conhecido popularmente como mototáxi, surgiu na década de 1990, em Crateús, cidade localizada na região dos Inhamuns. A ideia foi trazida por um bancário que tinha acabado de chegar de Londres. Ele se juntou à proprietária de um pequeno restaurante e montou o primeiro ponto no Brasil. Logo, o mototáxi ganhou fama e espaço, e, em pouco tempo, várias cidades do Ceará adotaram esse sistema. A ideia se espalhou por todo o País. Atualmente, cerca de 47% dos municípios brasileiros contam com esse serviço. No Nordeste, esse número pode chegar a 78%.
Mais informações:
Fenordeste – Ceará
Rua Vicente Spindola, 822
Fortaleza
(85) 3103-0001
AMOQ
Rua Clarindo de Queiroz, 102
Quixadá
(88) 9794- 7974
Alex Pimentel / Sucursais
Colaborador
Diário do Nordeste

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