sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Morre o poeta Manoel de Barros, aos 97 anos


Morreu nesta quinta-feira, 13, o poeta cuiabano Manoel de Barros, aos 97 anos. Ele estava internado há duas semanas na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do hospital Proncor, em Campo Grande, após se submeter a uma cirurgia no intestino. Segundo boletim assinado pela médica Carmelita Vilela, o falecimento ocorreu às 8h05, horário de Mato Grosso do Sul, após uma falência múltipla de órgãos. Em 19 de dezembro, Manoel de Barros completaria 98 anos.

Manoel Wenceslau Leite de Barros nasceu em 19 de dezembro de 1916 no Beco da Marinha, beira do Rio Cuiabá, na capital do Mato Grosso. Filho de João Venceslau Barros e Alice Pompeu Leite de Barros,foi levado pela família para uma fazenda recém-adquirida no Pantanal da Nhecolândia, em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, onde fincaria suas raízes e onde sua infância transcorreu até os oito anos.

Neguinho, como era chamado, foi educado pela tia Rosa Pompeu de Barros. Ainda criança, mudou-se sozinho para Campo Grande, após ser aprovado no exame de admissão do Instituto Pestalozzi (atual Colégio Dom Bosco), e em 1929 foi para o Rio de Janeiro, estudar no Colégio Lafayete, onde ficou por cerca de quatro anos.

Em 1932, Manoel matriculou-se no Colégio São José, dos Irmãos Maristas, onde viveu “desvirginamento poético, sua maior descoberta” ao conhecer padre Ezequiel, que o introduziu na leitura do Padre Antônio Vieira, quando notou que "A frase para ele era mais importante que a verdade, mais importante que a sua própria fé. O que importava era a estética, o alcance plástico. Foi quando percebi que o poeta não tem compromisso com a verdade, mas com a verossimilhança", “Descobri que servia era pra aquilo: Ter orgasmo com as palavras.”

Primeiros livros
Já na faculdade de Direito, ele descobriu que o poeta “pode misturar todos os sentidos”, quando leu "Une Saison en Enfer" de Arthur Rimbaud e, após isso, conheceu pessoas politicamente engajadas, leu Karl Marx e entrou para a ‘Juventude Comunista’. Aos 18 anos, Manoel escreveu seu primeiro livro, que não foi publicado, mas o salvou da prisão.

Ele havia pichado “Viva o comunismo” em uma estátua e, quando a polícia foi buscá-lo na pensão onde vivia, a dona do local pediu para "não prender o menino, tão bom que até teria escrito um livro, chamado 'Nossa Senhora de Minha Escuridão'", vendo o título, o policial decidiu deixá-lo livre, mas queria o livro; trocou o único exemplar de seu primeiro livro por sua liberdade.

Já em 1937, Manoel de Barros tem seu primeiro livro publicado. Intitulado “Poemas concebidos sem pecado”, a publicação foi feita artesanalmente por amigos do escritor e teve uma tiragem de apenas 20 livros, além do exemplar que ficou com ele. (Fonte: O Povo Online)

Nenhum comentário:

Postar um comentário