sexta-feira, 9 de maio de 2014

Cerveja deve ficar entre 10% e 12% mais cara antes mesmo da Copa


Pedro cogita passar a comprar mais cerveja no supermercado, caso haja realmente um aumento nos preços em bares e restaurantes Foto: Lucas Figueiredo / Extra
A cerveja poderá ficar entre 10% e 12% mais cara para o brasileiro, em bares e restaurantes, antes mesmo de a Copa do Mundo começar. Segundo Paulo Solmucci, presidente nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), a previsão se baseia na soma dos reajustes dos valores do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/Cofins — cobrados por litro em bebidas como água, refrigerante, chope, cerveja e energéticos, entre outras —, que passarão a valer a partir do dia 1º de junho.
— O que estamos indignados é que o setor vai passar para vilão. O imposto vem escondido. Então, todo mundo vai achar que o setor está aumentando oportunamente na Copa do Mundo de 2014, enquanto o dinheiro estará indo para o governo — queixa-se Solmucci.
Adepto daquela cervejinha gelada, o administrador aposentado Pedro Coelho, de 62 anos, criticou o aumento:
— A gente já paga tantos impostos! Temos impostos para tudo: para nos locomovermos de carro, ao comprarmos remédios… Deveriam segurar os preços, principalmente numa época de grandes eventos. Mas esse aumento não vai mudar o meu hábito de tomar uma cervejinha. No fim das contas, vou acabar pagando um pouco mais. Ou, talvez, eu acabe comprando mais no supermercado, para conseguir economizar. Eu pretendo assistir aos jogos da Copa em casa, porque já assisti a muitos em bares durante a minha vida.
Segundo Hipólito Mororó, gerente do Petisco da Vila, em Vila Isabel, se, de fato, houver reajuste, ele será repassado para o consumidor:
— Ainda não estamos sabendo oficialmente se haverá aumento. Mas, caso haja, não teremos como segurar (os preços).
Ernande Silva, gerente do bar Dom Cavalcanti, que fica na Lapa, não pretende elevar os valores.
— Vamos continuar com os mesmos preços para manter a clientela — diz.
Governo calcula impacto em torno de 2,5%
Darcílio Junqueira, superintendente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio, afirmou que os estabelecimentos serão obrigados a repassar os valores para os consumidores.
— Aí, surgem as queixas de que os bares e restaurantes estão caros. Não estão. É a carga tributária que está pesada — destacou Junqueira.
Em nota, a Receita Federal esclareceu que não houve reajuste nos percentuais do IPI, PIS e Cofins das bebidas frias, mas, sim, o ajuste dos valores da tributação aos preços já cobrados pelo mercado, uma vez que a incidência de impostos ocorre por litro.
Segundo o órgão de arrecadação, uma embalagem de 600 mililitros de cerveja vendida a R$ 4,66 deverá pagar, em média, R$ 0,12 a mais em tributos (considerando IPI, PIS e Cofins somados). Nesse caso, o reajuste vai representar uma inflação de 2,57%, percentual bem abaixo do estimado pela Abrasel.
Os três impostos federais que incidem sobre os litros das bebidas são pagos somente pela indústria. No entanto, a alta costuma ser repassada para as distribuidoras e, por fim, para os pontos de venda, como bares, restaurantes e supermercados.
No dia 30 de abril, quando foi publicada a tabela com os novos valores dos tributos no Diário Oficial da União, a Receita Federal divulgou, em nota, que os preços devem subir, em média, 2,25% para o consumidor final.
Fonte: Extra

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