Meses de investigação sigilosa levaram a Polícia cearense a prender, no último fim de semana, um dos traficantes de drogas e homicida mais procurados do Estado do Ceará.
Renan Rodrigues Pereira comandava o tráfico em três bairros de Fortaleza. Mandava fuzilar concorrentes e, rapidamente, enriqueceu Fotos: divulgação
O cerco ao criminoso e a seus comparsas ocorreu na noite de sábado. Renan Rodrigues Pereira, 25, foi capturado quando participava da festa de aniversário da mãe, que era comemorado em uma casa de praia.
A mansão onde acontecia a festa, na Prainha, em Aquiraz (Região Metropolitana de Fortaleza), foi cercada pelos agentes da Coordenadoria Integrada de Inteligência (Coin), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS).
Comparsas
Renan foi preso na companhia de Francisco Roberto Ferreira de Freitas, 35, conhecido por ´Roberto Negão´; e Marcelo Ribeiro de Lima, 30, ambos com uma extensa ficha de crimes a exemplo do chefe do bando.
Marcelo Ribeiro de Lima, 30, comparsa do chefe da quadrilha, responde por crimes de furto e estelionato
Na casa onde o trio foi detido os agentes da Coin apreenderam quatro carros de luxo, importados, duas motocicletas, além de duas pistolas, sendo uma modelo Sig Sauer, de calibre 9 milímetros; e outra de calibre 380. A primeira é de uso restrito das Forças Armadas. A Polícia apreendeu, ainda, dinheiro.
Segundo a Polícia, além de colecionar vários assassinatos de traficantes rivais nos bairros Tancredo Neves e no Lagamar, Renan enriqueceu ilicitamente nos últimos dois anos graças ao tráfico de drogas. De morador do Tancredo Neves, ele adquiriu, pelo menos, dois apartamentos na orla marítima de Fortaleza. É dono de vários carros importados e motocicletas, além de andar sempre cercado de seguranças. Quando foi detido, ostentava um grosso cordão de outro. "Sem dúvidas, ele era um dos principais traficantes que agiam em Fortaleza e mandou matar muitas pessoas", contou o chefe da Coin, major PM Cícero Henrique Bezerra. As investigações da Coin foram feitas em conjunto com a Polícia Civil. O criminoso, segundo a Polícia, ascendeu ao tráfico rapidamente e, em novembro do ano passado, mandou eliminar seu principal rival na área do Tancredo Neves e no Lagamar, o traficante José Everaldo Patrício Barroso, o ´Tostão´, executado, a tiros de fuzil, na tarde de 22 de dezembro último, na BR-116, quilômetro 152, na localidade de Lagoinha, no Município de Russas. Segundo as investigações da Coin, desde então, Renan passou a circular com um forte esquema de segurança pessoal. Sempre que saía de um dos seus apartamentos, em carros de luxo, era seguido de moto e outros automóveis por seus guardas-costas, em comboios.
Ainda de acordo com a Polícia, ´Tostão´ era bastante conhecido das autoridades policiais e comparsa de Silas Ferreira de Aquino, preso pela equipe da Delegacia de Narcóticos (Denarc), em outubro do ano passado, juntamente com Luciano Marques Bezerra e Antônio Emanuel Melo da Silva. A Polícia trabalha com a informação de que Silas sofreu um atentado no ano passado, também por ordem de Renan, numa briga pelo domínio do tráfico de drogas entre os bairros Lagamar, Aerolândia, Tancredo Neves e Conjunto Tasso Jereissati.
Criminosos
Tão logo foi preso na mansão na Prainha, Renan e seus dois comparsas foram levados para a Delegacia de Narcóticos (Denarc) e autuado em flagrante pelo delegado Pedro Viana, titular daquela Especializada.
Francisco Roberto Ferreira de Freitas, conhecido por ´Negão´, foi condenado, na semana passada, por um crime de formação de quadrilha na cidade de Macaíba, no Rio Grande do Norte. Ele também responde por estupro. O bandido estava morado em um flat, localizado na Avenida Abolição, no Meireles.
Francisco Roberto Ferreira de Freitas, o ´Negão´, foi condenado, na semana passada, por formação de quadrilha
Já Marcelo Ribeiro de Lima, é acusado de furtos e estelionato. Ambos disseram na Polícia serem empresários do ramo de confecções, na tentativa de justificar o vasto patrimônio. O mesmo disse Renan.
Para o delegado Pedro Viana, a prisão de Renan pode levar a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) a elucidar diversos crimes de morte ocorridos nos últimos seis meses nos bairros onde Renan controlava o tráfico de entorpecentes.
"Ele determinava a morte de quem entrasse no seu caminho", contou um dos agentes da Coin que participaram do cerco.
FERNANDO RIBEIRO/ FERNANDO BARBOSA
EDITOR DE POLÍCIA/REPÓRTER
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