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SOS MARMELEIRO
Alerta da Associação de Desenvolvimento Ambiental da Região dos Inhamuns - ADAARI.
Sou filho deste bioma e há muito vivo cá, já sofri com tantas secas mais esta foi de lascar, em plena região inhamuns do querido Ceará. 2012 acabou, parecia não terminar, foi tanto tempo sem chuva só faltou esturricar, minhas raízes resistiram pra que possa lhe contar. Já as dos meus irmãos, que tanto estrebucharam em busca de uma gota d’agua, acabaram por padecer e secaram. Eu falo daqui dali estou vivo não me calo, quer conhecer o impacto venha aqui no meu Tauá. Já estou desesperado, pra você eu vou contar as primeiras chuvas caíram mais não deu para acordar, estou olhando de lado não vejo meus irmãozinhos brotar, parecem adormecidos para nunca mais voltar. Sou de grande importância mais a ciência não veio cá, agora o meu apelo, pois estou a agonizar, venham logo, por favor, enquanto e possível salvar. 80% dos meus irmãos já morreram, não há mais como salvar e a funceme, outra seca, só não fez anunciar. São tantos meus dependentes mais só alguns eu vou citar: Este solo cristalino que tentam o desnudar, agora sem sua camisa como é que vai ficar? O agricultor que queimou viu como sou capaz de brotar, mais sem água nas raízes como é que chego lá? Ao fazendeiro servi sem ter nada a cobrar, alimentando seu gado, pois sou o primeiro a broiar, também sirvo aos animais quando a folha amadurece e cai. Usaram-me pra fazer cerca, fazer ripa, torno e caibro, além de queimar tijolo, telha e na faxina de curral, agora é que me dar medo, como que vou aguentar? As abelhas vão sofrer, algumas podem migrar, pois com menos 80% não as posso alimentar, e a agricultura decadente quem irá polinizar? A fauna esta tão triste, pois alimento não há, já se foi a nossa ema, pinta silgo, resta o gambá. O canário da terra sumiu as cores da seleção para nós, quem que vai representar? Tatu bola que aqui tinha nem noticias posso dar, apesar de que tanto alimentou o vaqueiro do nosso boi marruá. Virou Mascote de uma copa pra o mundo inteiro olhar, mais duvido que a ciência possa lhe ressuscitar. Desnudando nosso solo já se sabe em que vai dar as águas batem e carregam além de compactar. As raízes não existem para a agua sustentar, descem arrebentando tudo ladeira abaixo, dos nossos rios e mananciais, o que será? Marmeleiro é importante, peço venham me salvar, o velame também morreu, avoante virá cá? Do tempo que estou por cá, das mazelas eu sei falar, gostaria que alguém dissesse coisas boas que vem pra cá. Faz tempo que ouso falar em ações de salvamento que preservando vegetal se conserva o animal, mais aqui pra nossas bandas vem pouca gente ajudar, além daqueles fundos que não se sabe onde foi parar. Falou-se em Rio 92,Rio +10, Rio+20 e também foi ventilado uma tal de ICID que virou ICID + 18 que veio cá pro Ceará. Foram tantas as falaças que os sobreviventes daqui do semi árido pensaram que depois de tanta desgraça iam viver num oásis. É só muita falação com tanta seca e insolação, vamos pra desertificação. O sertão vai virar mar o mar vai virar sertão. Ouvi falar disto e achava que o mar de lá poderia fornecer água para o mar de mel, o marmeleiro de cá. Vim falar deste ambiente onde estou a agonizar, macro fauna e macro flora você mesmo pode notar. Peço ajuda ao doutor pra que possa explicar, marmeleiro sumindo, micro flora e micro fauna qual é o impacto total que há?
Valdimilson Veloso Lima
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