A clausura e os hábitos nos mosteiros, onde os religiosos passam os dias, os meses, os anos, sempre fechados, reclusos, longe do mundo onde o ódio, a cobiça, a avareza, a soberba, a ira, a luxuria, a gula e a inveja dominam o dia a dia dos homens, não é mais um mistério. Esses lugares onde se leva uma vida de orações, meditações, acompanhadas tão somente pelo rugir do vento, barulho da chuva, um assustador silêncio, tudo para louvar, pedir e agradecer ao Senhor, estão se tornando cada vez mais raros. A maioria deles abriu as portas ao púbico e se transformou em pousadas. Apenas alguns ainda preservam a tradição, ou parte dela. O Mosteiro Santa Cruz, na Serra do Estevão, na zona rural de Quixadá, é um deles. Atualmente oito irmãs da ordem religiosa das Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus vivem nele.
Segundo a administradora do mosteiro, irmã Oliva Pinho, muita coisa mudou desde a chegada das missionárias da sua Congregação a Serra do Estevão. O abrigo religioso destinado as Religiosas, erguido no início da década de 1900, possui 16 cômodos. Até bem pouco tempo mantinha as portas fechadas a qualquer visitante. O público tinha acesso apenas ao outro vão, transformado numa pousada, e a capela, nas horas das celebrações das missas. Mas hoje, quem quiser pode conhecer como elas vivem. Entretanto, é preciso agendar a visita. Uma das irmãs recebe e acompanha o público. Não existe mistério, as irmãs da Imaculada Conceição são pessoas comuns. Apenas dedicaram fidelidade a seus votos religiosos.
As irmãs, Blanda de Queiroz, coordenadora da Congregação, Gizeuda Mourão, Luci Fontenele, Antonia Marques, Eduarda Fonseca, Terezinha Parente, e ela, Oliva Pinho, dedicaram votos eternos. Todas já passaram dos 60 anos de idade. Irmã Oliva, um pouquinho mais. Acabou de completar seu jubileu de vida religiosa. São 50 anos dedicados a Missão de Imaculada Conceição. Apenas a Irmã Viviane, a mais jovem do grupo, com pouco mais de 30 anos, tem votos temporários. Elas são reservadas, mas não são iguais as Carmelitas, conhecidas pelo convívio de clausura rígida. As Irmãs da Serra do Estevão têm os horários para as orações, das reuniões de convívio, mas também assistem televisão, passeiam, vão ao povoado.
Quanto ao mosteiro, é possível conhecer quase tudo, exceto os aposentos das Irmãs. Nos salões do térreo, onde os jesuítas catequizam os jovens ainda estão guardadas várias relíquias, mobiliárias e documentos, mas está tudo empoeirado, como deixaram quando partiram. Ao redor é possível observar a mata nativa e um pouco mais distante, a vila dos moradores, a qual recebe o nome do grande benfeitor, Dom Maurício. O prédio fica situado ao lado da Pousada São José. No domingo passado o Diário do Nordeste publicou reportagem sobre a hospedaria especial, também pertencente a Congregação.
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