Em alusão à data, diversas atividades estão sendo realizadas desde a abertura oficial da programação que teve início dia 15 de outubro e segue até este domingo, 15 de novembro, quando será encerrada com uma celebração eucarística e partilha de alimentos que contarão com a participação do bispo diocesano de Quixadá, Dom Ângelo Pignoli, padres que já atuaram e atuam na Paróquia, e a população em geral.
Cronologicamente a história foi construída conforme narra o Prof. Marum Simão no texto que segue:
1702 - Em 7 de novembro é concedida a sesmaria, onde está situada a cidade de Quixeramobim, a Francisco Ribeiro de Sousa e sua mulher Tereza de Jesus.
1705 - A sesmaria de Francisco Ribeiro de Sousa e de Teresa de Jesus passa para Gil de Miranda e sua esposa Ângela de Barros e para o Pe. Antônio Rodrigues Frazão, em 28 de setembro.
1710 - As terras de Gil de Miranda, de Ângela de Barros e do Pe. Frazão são adquiridas pelo português Antônio Dias Ferreira.
1712 - O capitão português Antônio Dias Ferreira, vindo de Pernambuco, instala sua fazenda com o nome de Santo Antônio do Boqueirão de Quixeramobim. Não é fora de propósito afirmar que Dias Ferreira, ao chegar, tenha construído um nicho para as orações presididas pelo santo casamenteiro e das coisas perdidas.
1730 - O núcleo cristão, formado na fazenda de Santo Antônio do Boqueirão, em torno do curral e da casa-grande, pede ao frade Dom José Fialho, sexto bispo de Olinda, autorização para construir uma capela em honra de Santo Antônio de Lisboa e/ou de Pádua.
1732 - A capelinha devidamente benta é entregue ao culto dos fiéis. Passados alguns anos, Antônio Dias Ferreira e os moradores do povoado de Santo Antônio do Boqueirão de Quixeramobim formulam novo pedido para erigirem uma nova Igreja, mais sólida e mais ampla.
1755 - No dia 15 de novembro, a nova Igreja, embora não estivesse de toda concluída, é elevada à categoria de Matriz, com a criação da Freguesia (Paróquia), por ordem de Dom Francisco Xavier de Aranha e provisão do visitador Frei Manoel de Jesus Maria. A Paróquia de Santo Antônio desmembrou-se da de Nossa Senhora do Rosário de Russas.
Sobre a construção da nova igreja, o historiador João Brígido escreve: “O rico devoto construindo aquele templo, fê-lo com empenho e magnificência, até mandando vir artistas de Portugal. As obras que têm resistido a ação do tempo, provam o esforço e o empenho que ele consagrou à fundação deste monumento cristão. Foi, aquilo, no seu templo, o que a arte produziu de melhor no Ceará - uma igreja vasta e bem decorada, sem embargo do pouco que veio a ser na atualidade”
Os sinos, segundo a tradição, foram fundidos em forno levantado na foz do riacho Capadócio e receberam os nomes de Antônio, Francisco e Manuel.
José Aurélio Saraiva Câmara dá uma amostra do que aqui se passou, em seus primórdios: “a influência que o fator religioso exerceu na formação e permanência dos núcleos sociogeográficos do interior, a capacidade de aglutinação e concentração de valores, não só espirituais como sociais e até econômicos, que a capela, a igreja, a paróquia ou a missão desenvolveram em algumas regiões do Brasil e em particular no Nordeste Brasileiro. No começo era a igreja, e a igreja pregou ao povo, a igreja disciplinou o povo, e a igreja era o povo. [...] Em cada povoado que surge, o primeiro edifício é a capela, o primeiro técnico é o padre e os primeiros documentos são os cadastros religiosos de batizados, casamentos e óbitos...”
Paulino Nogueira oferece os limites da paróquia constantes do relatório de 1765, dez anos após sua criação.“Freguesia de Santo Antônio de Quixeramobim.
Esta Freguesia está a 43 léguas das Marinhas, e 32 acima da matriz das Russas da qual foi desmembrada e como corre para a parte do norte fica ao Puente da Ribeira do Ceará ao Sul da do Acaraú, mediando entre elas e a dos Caratiús da Capitania do Piauí: tem mais de 40 léguas de comprido e outras tantas de largo, mas para o fim só tem 25 léguas de largura, pelo rol de 1765...” (sic)
Cabe lembrar que em suas dependências funcionavam: seções eleitorais, juntas apuradoras, reuniões da Câmara Municipal, sessões do júri popular, associações de benemerências sociais e cemitério.
Não é pois de causar admiração o fato da que na quase totalidade dos municípios, sobretudo no Nordeste e em particular Quixeramobim, o altar precedeu os poderes executivo, legislativo e judiciário, portanto antes das autoridades civis e políticas instalava-se a religiosa.
Com a finalidade de ressaltar ainda mais a importância da freguesia, em ofício dirigido pela Câmara da então Vila de Campo Maior ao presidente da província, datado de 8 de janeiro de 1831, dava conta de que a Matriz de Santo Antônio possuía as seguintes capelas importantes: Nossa Senhora da Conceição - Barra do Sitiá; Nossa Senhora da Glória – Maria Pereira (Mombaça); Jesus Maria José - Quixadá; Nossa Senhora da Boa Viagem - Boa Viagem.
Em Quixeramobim a freguesia (paróquia) antecedeu ao município em 33 anos 6 meses e 28 dias e a cidade 100 anos 8 meses e 29 dias, pois a Vila de Campo Maior (Quixeramobim) foi inaugurada em 13 de junho de 1789 e elevada a cidade em 14 de agosto de 1856.
Marum Simão
Sócio Efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História
Sócio Amigo do Instituto Histórico Geográfico e Antropológico do Ceará
Membro da Associação Cearense de Escritores
Postado por: Jornalismo - Sistema Maior de Comunicação
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