Sabe aquele queijinho de coalho, fresco, gostoso, que chega à mesa do sertanejo no café da manhã, no lanche da tarde e no jantar? É fabricado artesanalmente, com receitas repassadas entre gerações, mas pode ficar ainda mais saboroso, com a qualidade e a higiene exigidas pelo mundo globalizado do consumo. Nesta cidade, produtores rurais, instituições ligadas ao setor comercial, à pesquisa e à educação estão mobilizadas para obter selo de qualificação.
O queijo de coalho produzido em Tauá, na região dos Inhamuns, tem tradição, referência e sabor inigualáveis, mas precisa ter manejo aperfeiçoado e que atenda às normas modernas de higiene e qualidade. O primeiro passo foi a promoção do Seminário de Apoio à Certificação da Produção do Queijo de Tauá. O evento foi realizado recentemente, no auditório da Associação Comercial de Tauá, e o esforço coletivo é para que os produtores obtenham a certificação, qualificação e padronização.
Técnicos da Agência Regional do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado do Ceará (Sebrae-CE), em parceria com a Associação Comercial e a Prefeitura de Tauá, estão realizando um levantamento da quantidade do produto e da estrutura de fabricação. “Esse é o momento de diagnóstico, após a mobilização inicial”, explicou o coordenador da Agência Regional do Sebrae, Macélio Souza. “As visitas já começaram aos locais de produção artesanal e às unidades que já são mais avançadas e que obtiveram serviço de inspeção federal ou estadual”.
Macélio ressaltou que é preciso sensibilizar os produtores rurais. “O queijo de Tauá tem fama, é considerado um dos melhores do Ceará, mas a sua produção precisa atender às normas legais”, frisou. “Esse processo leva tempo e alguns produtores querem resultado imediato, daí a necessidade de uma sensibilização”, completou.
O seminário foi iniciativa da Associação Comercial e da Agência Regional do Sebrae, com apoio de várias instituições: Prefeitura, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece), Universidade Estadual do Ceará (Uece), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), Banco do Nordeste e Banco do Brasil.
A presidente da Associação Comercial de Tauá, Ana Ricarte Silva Melo, destacou a tradição histórica do queijo de coalho dos Inhamuns, tendo Tauá como referência. “Já existe toda uma história e agora queremos avançar, usando métodos e práticas de acordo com as exigências sanitárias. Nosso queijo vai manter o sabor e ganhar em qualidade”.
A busca pela certificação relaciona-se com as exigências atuais de sanidade e de manejo adequado. Sem seguir as normas legais, o produto não pode ser comercializado em grandes centros urbanos e corre o risco de ser apreendido pela Vigilância Sanitária do Estado, como já ocorreu recentemente, trazendo prejuízo e desestímulo para os pequenos produtores rurais.
Com a certificação, o queijo poderá ser vendido em centros urbanos do Ceará e fora do Estado, ampliando a geração de emprego e renda no município. “O nosso objetivo e esforço é justamente para ampliar o mercado, criando novas oportunidades de renda para os agricultores familiares”, explicou Ana Ricarte Melo. O município de Tauá tem potencial. O queijo de coalho é bastante apreciado entre as famílias, mas, para conquistar o mercado consumidor, tem de ter inspeção dos órgãos credenciados. “A nossa proposta é criar um selo de qualidade de Tauá, dando marca e referência de origem ao produto”, destacou Macélio.
Mercado atual
O presidente da Câmara de Vereadores de Tauá, Marcos Caracas, e o secretário de Agricultura, Luís Tomás, apoiaram a iniciativa e disseram esperar a adesão dos produtores de queijo.
Em julho, um grupo de produtores rurais deve visitar unidades em Minas Gerais. Depois, serão treinados. O produtor de leite e queijo, Francisco Clemir Feitosa Arraes, da Fazenda Jibóia, se disse otimista com a iniciativa: “Essa mobilização veio no momento oportuno. Temos que nos organizar, trabalhar corretamente e nos adequarmos à lei”.
Honório Barbosa
Colaborador
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