Eduardo José Nascimento, de 13 anos, sofreu um acidente de moto no último domingo, 10, em Icapuí, a 202 quilômetros de Fortaleza. Desde então, peregrina por atendimento médico. Ele passou por dois hospitais públicos (um em Icapuí e outro em Aracati) antes de chegar, ontem, ao Instituto Doutor José Frota (IJF).
O perfil de Eduardo retrata um dos motivos que levam à superlotação do IJF: em 2011, a média mensal de pacientes acidentados de moto era 623. No ano passado, a estatística mais que dobrou e passou para 1.270 atendimentos por mês – mais que 40 a cada dia. Estrangulada, a unidade amanheceu ontem com 43 pacientes atendidos nos corredores, segundo a superintendência.
É a essa dificuldade que o superintendente, Walter Frota, atribui o cenário da unidade na crise que agrava o sistema de Saúde no Estado. “Todo acidentado de moto é mais complexo, tem que ficar em observação. Isso sobrecarrega a instituição”, declarou.
A Defensoria Pública do Estado constatou, em vistoria ao hospital, na manhã de ontem, pacientes sendo atendidos em macas nos corredores e relatos de profissionais que reclamam da insuficiência de pessoal.
Sobre a diferença notada entre esta e a visita feita na última terça-feira, 13, ao Hospital Geral de Fortaleza (HGF), o defensor Aluízio Jácome disse que, no IJF, por ser um hospital especializado em traumatologia, “o cenário é bem mais chocante”. “Inclusive, com alguma falta de segurança em relação ao atendimento de pessoas que tenham praticado ou que sejam vítimas de algum delito”, relatou.
Interior
Se fosse melhor estruturada, a rede de Saúde no Interior poderia ser autossuficiente. Como não é, sobrecarrega os hospitais-polo. Com 50% da demanda de regiões distantes da Capital, o IJF tem sobrecarga. Frota afirma que, mesmo com os esforços da gestão estadual anterior, o número de acidentados cresceu no Interior, o que aumenta a demanda por atendimento.
Comitê da Saúde
Sobre a formação de um comitê, anunciada quarta-feira, 13, pelo governador Camilo Santana (PT) para sanar a crise da Saúde, Walter Frota está otimista. “Este problema realmente precisa estar na pauta do Governo. E acho que o governador coloca muito bem quando tira um grupo de discussão para planejar e propor soluções”, acredita.
O comitê, conforme publicado ontem pelo O POVO, deve reunir entidades como o Sindicato dos Médicos e o Ministério Público do Estado. Questionado se a Defensoria Pública fará parte do comitê, Aluízio Jácome disse que “até agora, não recebeu nenhuma comunicação”.
Saiba mais
Após vistoria feita pela Defensoria Pública do Estado no IJF, na manhã de ontem, foi constatado que, nos corredores, alguns pacientes aguardavam atendimento havia mais de 72 horas. Segundo o superintendente do IJF, Walter Frota, o hospital possui 461 leitos e solicitou, recentemente, a compra de 100 macas. Para ele, o grande problema é o excesso de demanda.
O Povo
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