Vilão para as forças republicanas e líder messiânico para milhares de seguidores, na maioria sertanejos flagelados pela seca. Assim foi a saga de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, principal personagem da batalha mais sangrenta do sertão da Bahia, a Guerra de Canudos. Passado mais de um século, exatos 118 anos, o vulto histórico finalmente foi reconhecido por um órgão oficial como líder religioso e social. Agora, Quixeramobim é oficialmente a capital de Antônio Conselheiro. O reconhecimento está dividindo a opinião de estudiosos da vida do mártir.
A proposta foi apresentada em agosto do ano passado pela deputada estadual Fernanda Pessoa e publicada no Diário Oficial, no início deste mês. Segundo ela, o projeto foi motivado por uma solicitação da vereadora Liduína Leite, de Quixeramobim. Para a deputada, "Tornar Quixeramobim como a Terra de Antônio Conselheiro é reconhecer o Município como berço do beato e líder religioso e social, que peregrinava pelo sertão do Nordeste, marcado pela seca, fome miséria, levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Além de reconhecer o município, o Projeto visa valorizar Quixeramobim pelo seu valor histórico e cultural", ressaltou.
Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nasceu em Quixeramobim em 13 de março de 1830 e faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro de 1897. Numa fase da sua vida, passou a peregrinar pelo sertão do Nordeste levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Conseguiu uma grande quantidade de seguidores. Muitos o consideravam santo. Há relatos de seguidores afirmando que o beato tinha a capacidade de fazer milagres e até previsões sobre o fim do mundo.
Em 1893, Antônio Conselheiro revolveu fundar, às margens do Rio Vaza Barris, no município baiano de Canudos, uma comunidade. Ele liderou e organizou o Arraial de Canudos de forma que o local cresceu e começou a causar preocupações nas autoridades políticas e nos fazendeiros da região. Pessoas carentes foram morar no Arraial de Canudos, pois lá tinham trabalho e acesso à terra, sem serem exploradas pelos fazendeiros. O líder foi chamado de anarquista e inimigo da República.
Morte
Antônio Conselheiro foi considerado um fora da lei pelas autoridades nordestinas. Com o auxílio de tropas locais, o governo Federal organizou uma grande ofensiva militar contra o arraial liderado por ele. O conflito armado, conhecido como Guerra de Canudos, ocorreu entre 1896 e 1897. O líder do Arraial foi morto durante as batalhas em 22 de setembro de 1897, provavelmente por ferimentos causados por uma granada.
Rememorando esses momentos históricos, resgatados pela vereadora de Quixeramobim, Fernanda Pessoa solicitou o apoio dos colegas parlamentares na aprovação do Projeto em homenagem a Antônio Conselheiro.
Segundo a vereadora Liduína Leite a proposta surgiu quando ela percebeu a necessidade de resgatar a imagem do líder do Arraial de Canudos, cujo personagem ainda é considerado um demônio perante o povo de sua terra natal. "Além de esquecido pela maioria, esse líder histórico é comparado a um dos mais perversos cangaceiros da nossa história, Lampião. Precisamos reparar essa injustiça, esse erro histórico. O reconhecimento oficial da nossa cidade como a Terra de Antônio Conselheiro foi um passo importante nesse processo", completou.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (Iphanaq), Ailton Brasil, ficou surpreso ao saber da aprovação da proposta da vereadora. Há quase duas décadas, ele e os membros do Iphanaq lutam pelo resgate da imagem e da verdadeira história de Conselheiro.
Esse trabalho começou em 1997, no centenário da morte do líder, com a criação do Movimento Antônio Conselheiro. Para ele, o reconhecimento não tem significado expressivo. Seria mais interessante a captação de recursos financeiros para a restauração do Memorial.
Na avaliação do pesquisador Crisanto Teixeira, a causa abraçada por Antônio Conselheiro e seus seguidores permanece mais viva do que nunca. O fenômeno Canudos e Conselheiro é um dos mais estudados na atualidade pelo mundo acadêmico, tanto no Brasil, quanto no exterior, com destaque para países como Alemanha, França e Espanha, entre outros.
Pacifista
Nos seus estudos de dissertação de mestrado, encontrou novos contornos. Na realidade, Antônio Conselheiro foi um grande líder pacifista. "Repaginando o fenômeno Canudos, nos dias atuais, encontramos os movimentos sociais, com propostas de justiça social, com a distribuição da terra ao homem, para produzir o sustendo da família com o suor do próprio rosto".
Num aspecto os estudiosos concordam: A figura de Antônio Conselheiro continuará sendo polêmica, mas muita coisa avançou para desmistificar essa imagem negativa. A data de aniversário dele, 13 de março, já é reconhecida como feriado institucional. Nesse período, durante uma semana, sua história é revivida e debatida nas escolas locais.
Aos poucos, o erro histórico disseminado a partir da versão oficial do jornalista Euclides da Cunha, enviado como correspondente do jornal O Estado de São Paulo para cobrir a Guerra de Canudos, vai sendo reparado. O recente reconhecimento do Governo do Estado é um exemplo. (Do Diário do Nordeste)
A proposta foi apresentada em agosto do ano passado pela deputada estadual Fernanda Pessoa e publicada no Diário Oficial, no início deste mês. Segundo ela, o projeto foi motivado por uma solicitação da vereadora Liduína Leite, de Quixeramobim. Para a deputada, "Tornar Quixeramobim como a Terra de Antônio Conselheiro é reconhecer o Município como berço do beato e líder religioso e social, que peregrinava pelo sertão do Nordeste, marcado pela seca, fome miséria, levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Além de reconhecer o município, o Projeto visa valorizar Quixeramobim pelo seu valor histórico e cultural", ressaltou.
Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, nasceu em Quixeramobim em 13 de março de 1830 e faleceu em Canudos (Bahia) em 22 de setembro de 1897. Numa fase da sua vida, passou a peregrinar pelo sertão do Nordeste levando mensagens religiosas e conselhos sociais para as populações carentes. Conseguiu uma grande quantidade de seguidores. Muitos o consideravam santo. Há relatos de seguidores afirmando que o beato tinha a capacidade de fazer milagres e até previsões sobre o fim do mundo.
Em 1893, Antônio Conselheiro revolveu fundar, às margens do Rio Vaza Barris, no município baiano de Canudos, uma comunidade. Ele liderou e organizou o Arraial de Canudos de forma que o local cresceu e começou a causar preocupações nas autoridades políticas e nos fazendeiros da região. Pessoas carentes foram morar no Arraial de Canudos, pois lá tinham trabalho e acesso à terra, sem serem exploradas pelos fazendeiros. O líder foi chamado de anarquista e inimigo da República.
Morte
Antônio Conselheiro foi considerado um fora da lei pelas autoridades nordestinas. Com o auxílio de tropas locais, o governo Federal organizou uma grande ofensiva militar contra o arraial liderado por ele. O conflito armado, conhecido como Guerra de Canudos, ocorreu entre 1896 e 1897. O líder do Arraial foi morto durante as batalhas em 22 de setembro de 1897, provavelmente por ferimentos causados por uma granada.
Rememorando esses momentos históricos, resgatados pela vereadora de Quixeramobim, Fernanda Pessoa solicitou o apoio dos colegas parlamentares na aprovação do Projeto em homenagem a Antônio Conselheiro.
Segundo a vereadora Liduína Leite a proposta surgiu quando ela percebeu a necessidade de resgatar a imagem do líder do Arraial de Canudos, cujo personagem ainda é considerado um demônio perante o povo de sua terra natal. "Além de esquecido pela maioria, esse líder histórico é comparado a um dos mais perversos cangaceiros da nossa história, Lampião. Precisamos reparar essa injustiça, esse erro histórico. O reconhecimento oficial da nossa cidade como a Terra de Antônio Conselheiro foi um passo importante nesse processo", completou.
O presidente do Instituto do Patrimônio Histórico, Cultural e Natural de Quixeramobim (Iphanaq), Ailton Brasil, ficou surpreso ao saber da aprovação da proposta da vereadora. Há quase duas décadas, ele e os membros do Iphanaq lutam pelo resgate da imagem e da verdadeira história de Conselheiro.
Esse trabalho começou em 1997, no centenário da morte do líder, com a criação do Movimento Antônio Conselheiro. Para ele, o reconhecimento não tem significado expressivo. Seria mais interessante a captação de recursos financeiros para a restauração do Memorial.
Na avaliação do pesquisador Crisanto Teixeira, a causa abraçada por Antônio Conselheiro e seus seguidores permanece mais viva do que nunca. O fenômeno Canudos e Conselheiro é um dos mais estudados na atualidade pelo mundo acadêmico, tanto no Brasil, quanto no exterior, com destaque para países como Alemanha, França e Espanha, entre outros.
Pacifista
Nos seus estudos de dissertação de mestrado, encontrou novos contornos. Na realidade, Antônio Conselheiro foi um grande líder pacifista. "Repaginando o fenômeno Canudos, nos dias atuais, encontramos os movimentos sociais, com propostas de justiça social, com a distribuição da terra ao homem, para produzir o sustendo da família com o suor do próprio rosto".
Num aspecto os estudiosos concordam: A figura de Antônio Conselheiro continuará sendo polêmica, mas muita coisa avançou para desmistificar essa imagem negativa. A data de aniversário dele, 13 de março, já é reconhecida como feriado institucional. Nesse período, durante uma semana, sua história é revivida e debatida nas escolas locais.
Aos poucos, o erro histórico disseminado a partir da versão oficial do jornalista Euclides da Cunha, enviado como correspondente do jornal O Estado de São Paulo para cobrir a Guerra de Canudos, vai sendo reparado. O recente reconhecimento do Governo do Estado é um exemplo. (Do Diário do Nordeste)
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