segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Mar destrói muro de casa no Icaraí


1A ressaca marítima registrada entre a última quinta-feira (19) e hoje, em parte do litoral brasileiro, acentuou o avanço da mar na Praia do Icaraí, no município de Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza. O aumento da força marítima e a intensidade das ondas, cuja estimativa da Capitania dos Portos era que chegassem a 2,5 metros de altura, destruíram um muro de aproximadamente 50 metros de uma residência, localizada na Rua Dona Laura, no Icaraí.
O imóvel, hoje situado a cerca de seis metros do mar, que já era ameaçado pelo contínuo avanço das águas na praia, foi atingido pelas fortes ondas na tarde da última sexta-feira. A água, além do muro, derrubou também um banheiro e um deck e causou erosão na frente da residência, que segue com a estrutura frontal comprometida.
No momento da destruição, quatro pessoas estavam no local: o caseiro Itamar Marques, a esposa e os dois filhos do casal. Ninguém ficou ferido. De acordo com Itamar, que cuida do imóvel há 15 anos, nos últimos tempos, sempre que há ressaca marítima, a residência tem sido afetada, porém, desta vez o desmoronamento foi integral.
Preocupação
“Hoje foi o muro dessa casa, amanhã pode ser qualquer outra residência da área. Todo mundo fica apreensivo com esta situação, porque o mar vem com força total e pode não dar tempo salvar nada”, ressalta a autônoma Aleateia Câmara, que também moradora da Rua Dona Laura.
Segundo Aleateia, que há 30 anos reside no Icaraí, o avanço do mar vem sendo sentido intensamente pela população a cada ano e, a cada novo episódio, as preocupações quanto às residências que serão afetadas nos próximos períodos se acentuam.
A moradora também reclama que as obras de contenção do avanço do mar são restritas a Avenida Litorânea, que, com o passar dos anos, foi destruída pela erosão e pelo avanço marítimo. “Nós ficamos esperando providências, mas parece que nunca chegam. Muito dinheiro público já foi investido nessa estrutura de proteção que não tem surtido efeito ao longo dos anos. É preciso repensar e ver que daqui a pouco outras áreas daqui vão desaparecer”, queixa-se.
O avanço do mar, que há vários anos afeta a orla do Icaraí, além dos problemas estruturais, gera também, segundo a população, complicações no que diz respeito à segurança. Isto porque muitos imóveis afetados pela força das águas passam dias completamente expostos até que as fachadas sejam recuperadas.
Histórico
Na área onde a residência foi afetada na última sexta-feira, outros condomínios situados na mesma faixa – a cerca de seis metros do mar – estão com a parte frontal ameaçada pelo processo acentuado de erosão.
A intensidade deste avanço é histórica e já destruiu parte da Avenida Litorânea do Município. Entre 2010 e 2012, a Prefeitura de Caucaia fez um muro de contenção com blocos de concreto e pedras, chamado “Big Bag Wall”, que tem 1,4 km de extensão em formato de escadaria. Entretanto, esta estrutura vem cedendo no decorrer dos anos. Em setembro do ano passado, 470 metros da parede de pedra estavam comprometidos e a Prefeitura deu início a uma obra de recuperação da estrutura.
Neste período, o Ministério Público Federal (MPF) cobrou que, na segunda quinzena de outubro, outra frente de trabalho para a recuperação da estrutura fosse agilizada pela Prefeitura. O MPF, na época, solicitou ainda a elaboração de licenciamento ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em 30 dias, para as intervenções de contenção.
A procuradora Nilce Cunha, responsável pelas determinações, na ocasião, disse ter recebido reclamações por parte da população, que, diante da demora na conclusão das obras, ameaçava realizar uma contenção alternativa, colocando pedras no local, sem nenhum estudo técnico. Na tarde de ontem, a reportagem tentou contactar a Prefeitura de Caucaia para saber o andamento do procedimento, porém, até o fechamento da edição, não teve êxito.
Beira-Mar
Na Capital, a chuva de 22.4 milímetros e o clima frio, ontem, não afetaram tanto a rotina dos fortalezenses. Na Avenida Beira Mar, um grande número de turistas e cearenses passeava pelo calçadão, mesmo com o tempo chuvoso. Inúmeros surfistas também aproveitavam as fortes ondas para praticar o esporte.
Durante os dias de ressaca marítima, as grandes ondas geraram curiosidade na Capital e muitos transeuntes da orla pararam para apreciar o fenômeno. Na sexta-feira, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) indicou que, com as oscilações, houve registro de ondas de até a 3,3 metros de altura em Fortaleza.
Diário do Nordeste

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