sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Comunidade cava poço até mesmo na porta de casa


1O número de poços artesianos está se multiplicando na área urbana de Quixeramobim, uma das maiores cidades do Centro do Estado, onde estão concentrados mais de 40 mil habitantes deste município. Para escapar do colapso no abastecimento de água, previsto para meados de maio, moradores e comerciantes estão solicitando a perfuração dos poços até nas portas de suas casas e lojas, nas calçadas e nas ruas. O trabalho das máquinas perfuratrizes está chamando a atenção e causando polêmica. A opinião da população está dividida.
Parte dos moradores cobra fiscalização e regras, mas quem está começando a ficar sem água, como Francisco Melo de Lima, apoia a iniciativa. Um dos poços foi perfurado na frente à casa de um vizinho próximo. Na sua opinião, os moradores estão agindo porque não confiam nas medidas a serem adotadas pelos órgãos públicos, dentre elas a construção de uma adutora, do Açude Pedras Brancas, em Banabuiú, para Quixeramobim.
No Centro, outro poço atingiu a vazão de 10 mil metros cúbicos por hora. O morador desembolsou R$ 4.500,00 na perfuração. Os empreiteiros estão cobrando em média R$ 90,00 pelo metro de perfuração, mesmo assim, ficou feliz com o resultado. “Ele também não vai se importar em distribuir água para os vizinhos se realmente o abastecimento da Cidade for interrompido. Tem mais gente fazendo o mesmo a cada dia”, contou Francisco.
Conforme alguns consumidores, que pediram para não serem identificados, eles começaram a tomar a iniciativa de perfuração dos poços no início de fevereiro, quando o SAAE passou a realizar o racionamento de água na Cidade, às sextas-feiras. Além do Açude Fogareiro, principal reservatório do Município, atualmente com pouco mais de 2 milhões de m³, cerca de 1,6% de sua capacidade, o Açude Quixeramobim, de onde a água é captada para distribuição na rede, está com menos de 50% do seu volume. Seu aporte hídrico é de 54 milhões de m³, mas atualmente está com 48,83% da sua capacidade, o equivalente a 26,3 mi de m³.
Pelos cálculos do Sistema Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) e da Cogerh, mantida a situação hídrica atual, o abastecimento realmente estará garantido no máximo até o fim de maio. Apesar dos números oficiais apontarem cerca de 13 vezes o volume de água do Fogareiro, a barragem construída na década de 1960 foi assoreada ao longo dos anos. Estudos de batimetria foram realizados, mas os resultados não foram revelados pelos dois órgãos. Todavia, pelos cálculos, garantirá o abastecimento por três meses.
Sobre os poços artesianos, o SAAE e a gerência regional da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) não sabem o numero certo de perfurações sem outorga oficial em Quixeramobim, sob responsabilidade da Cogerh. Os levantamentos serão realizados em breve. A estimativa de servidores do SAAE é de no mínimo 10 desde o início do mês.
Diário do Nordeste

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