quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Capitão da PM é executado por bandidos em assalto em Quixadá

Após buscas realizadas na casa de um suspeito, policiais civis e militares
 encontraram a arma usada pelos acusados e a roubada do militar
A Polícia continua à procura de duas pessoas suspeitas de terem participado da morte de um capitão da Polícia Militar, ocorrida na manhã de ontem, na Rua Benigno Bezerra, no bairro Alto São Francisco, em Quixadá (167 Km de Fortaleza). De acordo com informações prestadas na sede do 9ºBPM (Quixadá), a vítima, identificada como Joaquim Soares Leite, 64, foi alvejada com um tiro na cabeça, depois de travar uma luta corporal com um assaltante. Durante as buscas aos atiradores, um dos suspeitos, também foi morto em um tiroteio.
Conforme a Polícia, o capitão Soares estava em uma mercearia, que costumava frequentar, por volta das sete horas, quando dois homens chegaram ao estabelecimento e anunciaram o roubo. Ele teria reagido e acabou ferido por um tiro, na altura da nuca. Conforme a equipe da Delegacia Regional de Quixadá, a arma que Soares portava, teria sido levada pelos suspeitos.
Adolescente
As Polícias Civil e Militar se mobilizaram e iniciaram buscas aos três supostos assaltantes. Um deles foi encontrado, no bairro Campo Velho. Ao avistar as patrulhas da PM, o rapaz, identificado como Ermilson Nogueira de Souza, 15, tentou fugir pelos telhados das residências, mas foi baleado e detido. O suspeito foi encaminhado ao Hospital Microrregional Eudásio Barroso, mas não resistiu.
Os outros envolvidos na ação que culminou na morte do capitão, ainda estão sendo procurados. Conforme levantamentos preliminares feitos pela delegada Anna Cláudia Nery, o adolescente morto era cúmplice dos outros dois que entraram na mercearia e abordaram o capitão.
Segundo testemunhas, a pessoa que atirou é um adolescente. Além dele, um adulto de 20 anos teria dado apoio à ação. Os dois estão sendo procurados. Na casa de um dos suspeitos, os policiais encontraram a arma do policial militar e um revólver que teria sido usado no crime.
A Polícia tem indícios para acreditar que o objetivo principal do trio era levar a arma de Soares. O plano, inclusive, segundo as primeiras investigações, era para ter sido colocado em prática, anteontem, mas os acusados teriam adiado para ontem. Após o tiroteio, o oficial chegou a ser socorrido, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos e morreu na unidade de saúde local.
Comando
Do último dia quatro até ontem, três policiais militares foram assassinados no Ceará. O primeiro caso aconteceu, em uma farmácia, no Centro do Crato, na Região do Cariri, quando o sargento Franciê Rodrigues Lopes, 36, reagiu a um assalto e acabou morto; o segundo foi o do soldado André Carvalho, no último domingo, executado após atender uma ocorrência de tumulto, em Mulungu, no Maciço de Baturité; e o último o do capitão vitimado em Quixadá.
O comandante geral da PMCE, coronel Lauro Prado de Araújo Carlos, disse que a Corporação está enlutada com os últimos acontecimentos e pede paciência e prudência aos policiais. Ele lamentou as mortes dos três militares, aos quais considerou como "profissionais excelentes e comprometidos".
Segundo o coronel, Joaquim Soares trabalhava no setor administrativo do 9ºBPM, na Guarda Patrimonial, após ter sido revertido e voltado a integrar os quadros da PM. "Ele dedicou sua vida inteira à defesa da sociedade. Foi para a reserva remunerada, mas acabou sendo revertido e reintegrou nossas fileiras. Estava na ativa novamente".
Lauro Prado afirma que a morte está sempre muito próxima do ofício de um policial e é necessário saber lidar com isto. "Faz parte da nossa vida atuar em ocorrências em que podemos falecer. Infelizmente, pode nos acontecer a qualquer hora. O que digo sempre aos PMs é que não deixem de exercer a função deles, porque foi o que escolhemos para nós. Temos um dever para cumprir, sob a pena de sermos responsabilizados por omissão", declarou Prado.
Sobre as possíveis retaliações por parte da Polícia, ocorridas em Crato e Mulungu, o comandante da PM disse que todos os casos estão sendo investigados. Na duas cidades aconteceram mortes subsequentes às dos militares. "Não podemos afirmar que aconteceram retaliações, em nenhum dos casos. Isso está sendo apurado e estamos buscando os autores. Se algum PM estiver envolvido, será responsabilizado. Não compactuamos com estas medidas. Se deixarmos de cumprir a lei, estaremos nos igualando aos marginais".

(Do Diário do Nordeste)

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