segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Festa em Canindé é encerrada com 20% de romeiros a menos


Canindé. Mãos erguidas em agradecimento pelas graças alcançadas e orações por vidas melhores. Os romeiros que durante dez dias renderam homenagens ao santo símbolo da humildade e da fraternidade, São Francisco, que é de Assis, das Chagas, e nesses dias, no Ceará, mais intensamente de Canindé, despediram-se, ontem, dos festejos no município do Norte do Estado. A estimativa da Igreja é que 800 mil pessoas passaram pela cidade. Porém, a quantidade é 20% inferior aos anos anteriores, quando cerca de um milhão de fiéis comparecia à festa.

Apesar do menor número, milhares de romeiros lotavam as ruas da cidade. Devotos de diferentes lugares, com distintos pedidos e agradecimentos, e sobretudo, fortes demonstrações de devoção ao santo protetor da natureza. A procissão, que ocorreu após a missa das 17h na Gruta de Nossa Senhora de Lourdes, ontem, percorreu as principais ruas de Canindé. No cortejo, o andor com a primeira estátua de São Francisco a chegar a Canindé, que tem 62cm, foi carregado e ovacionado pelas ruas.

Para hoje, está prevista para as 12h uma solenidade de arriamento da bandeira e a tradicional bênção dos chapéus em frente ao maior Santuário Franciscano da América. Durante os dez dias, foram celebradas 100 missas, além de novenas e batismos.

Dados parciais da Operação Romaria Segura da Polícia Rodoviária Federal no Ceará (PRF-CE) informam que, do início da fiscalização - no dia 6 - até sábado (18), 51 veículos do tipo pau-de-arara, com o transbordo de 823 pessoas, foram barrados por não cumprirem as normas previstas na legislação, sobretudo, no que se refere à segurança.

Impactos

Para a Arquidiocese o impacto da fiscalização rigorosa foi bem maior, já que além dos veículos impedidos de seguir rumo à Canindé, muitos fiéis deixaram de comparecer por não terem outro meio de transporte. O pároco e reitor do Santuário de São Francisco das Chagas, frei João Amilton dos Santos, avalia que, neste ano, apesar dos constrangimentos com a fiscalização dos carros irregulares, a romaria transcorreu de forma positiva.

"É normal que se fiscalize, é normal que os carros andem em ordem porque estão carregando vidas, mas não como perseguição como houve neste ano. Romeiros chegaram até nós desabafando com muita aflição. Cada um tem o direito e a liberdade de ir e vir, mas você ser tratado como marginal e ter que andar escondido, ser escoltado, menosprezado, é constrangedor".

Frei Amilton disse ainda não acreditar que somente 51 veículos foram barrados nas rodovias. "A nossa estimativa é que, na verdade, foram proibidos 200 veículos. Nós calculamos que 30 a 40 mil romeiros não conseguiram vir a Canindé", reforçou.

O arcebispo de Fortaleza, dom José Aparecido Tosi, que, ontem a tarde, presidiu a missa de encerramento, avalia que a fiscalização é necessária, mas alega que faltou diálogo com a Igreja para que fossem pensadas soluções, além de defender que houve confrangimento de fiéis. Para ele, o translado dos romeiros precisa ser discutido para que sejam garantidas as manifestações populares de fé.

O arcebispo acrescentou que a preocupação com o deslocamento é justa, mas que a atenção também precisa ser direcionada para as condições em que os romeiros chegam e são acolhidos em Canindé porque a fraternidade não pode estar subordinada a ideologia ou partidarismo.

A intensificação da fiscalização decorreu de recomendação expedida pelo Ministério Público Federal e Estadual às polícias rodoviárias com uma série de medidas para garantir a segurança de romeiros que participam de festas religiosas, evitando acidentes, muitos deles fatais.

Enquete

O que você tem a agradecer?

"Há 12 anos, fiz uma promessa para um parente se cuidar de uma doença considerada muito grave. E ele se curou. Eu, pela felicidade e devoção, venho agradecer. É pela saúde e também por agradecimento"

Inês de Maria Lemos
Química

"Eu tinha um tumor na cabeça e fui desenganada. Os médicos de Teresina não acreditavam mais. Mas, eu com fé em Jesus e em São Francisco, pedi. Fiz a promessa e fiquei curada e por três anos seguidos venho"

Maria Lúcia da graça Aposentada


Diário do Nordeste -

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