Boa Viagem > Nove dos 13 passageiros de Boa Viagem mortos no último domingo, no acidente com um ônibus da empresa Princesa dos Inhamuns, na BR-020, em Canindé, foram sepultados nesta segunda-feira. Seis deles foram enterrados no Parque da Esperança, cemitério mais novo de Boa Viagem. Outros dois foram enterrados na localidade de Várzea da Ipueira, na zona rural deste município do Sertão Central e outro na cidade vizinha, Itatira. Dezoito foi o número total de mortos no acidente. Dois deles ainda não haviam sido identificados.
Segundo informações da assessoria de comunicação da Prefeitura de Boa Viagem, a princípio pretendia-se realizar um velório coletivo, seguido de uma missa e do sepultamento, mas as famílias preferiram realizar os velórios rapidamente, para evitar mais sofrimentos. Alguns corpos estavam parcialmente mutilados. Preferiram deixar os caixões fechados.
O movimento foi intenso no Parque da Esperança, e se estendeu até o fim da tarde. Conforme a administração do parque santo, as primeiras vítimas sepultadas foram Antonio Carlos da Silva, 79 anos, e sua esposa, Helena Alves de Morais Silva, 74. Eles foram enterrados por volta das 9 horas. O Casal morava no bairro Ponte Nova, na periferia da cidade.
Cerca de uma hora depois outro cortejo adentrou o cemitério, acompanhando o corpo da professora aposentada Maria Rosary Pereira, 69 anos. O velório dela foi na Escola de Ensino Médio Dom Terceiro, onde ensinava música e teatro. Os filhos pretendiam sepultar o pai, Francisco Moura Lima, também morto no acidente, mas o corpo dele ainda não foi liberado. Uma filha, Magali Moura, informou haver necessidade de realização de exame de DNA. O corpo dele ficou totalmente mutilado. O IML vai liberar somente após 10 dias.
A mãe acompanhava o pai com destino a Fortaleza. Ele precisava realizar um exame de vista. Ela ia aproveitar e visitar os filhos. Para a filha, o acidente foi uma fatalidade, mas para ela, se houvesse mais cobrança das leis de trânsito o número de vítimas da tragédia seria menor. Ela se referia ao cinto de segurança, cujo uso é obrigatório inclusive nos ônibus intermunicipais, mas os motoristas apenas aconselham, não obrigam os passageiros a utilizarem o equipamento.
No fim da manhã foi a vez dos familiares de João Paulo de Oliveira Santos, 25 anos, se despedirem dele. O jovem estava trabalhando como operário no asfalto de uma estrada, no município de Pecém. No fim de semana resolveu visitar a família e a namorada. Ele pretendia juntar a poupança, retornar definitivamente para sua terra natal, montar um pequeno comércio e comprar uma motocicleta.
A costureira Patrícia da Silva Oliveira, 24 anos, já havia realizado o sonho de ter a sua própria motocicleta. Faltava apenas a carteira de habilitação. Ela viajava para Fortaleza para prestar o exame da CNH nesta segunda-feira. Os 14 irmãos, a maioria morando em São Paulo, viajou para Boa Viagem após tomarem conhecimento da tragédia. Pretendiam se despedir da irmã caçula. O sepultamento dela ocorreu no fim da tarde, no mesmo cemitério.
As estórias de vidas interrompidas nas outras famílias são similares. Pais, irmãos e filhos ainda estão abalados. Por esse motivo a administração municipal resolveu disponibilizar assistentes sociais e psicólogos para ampararem as famílias. Na próxima sexta-feira uma equipe da Defensoria Pública do Estado estará na cidade para orientar os parentes, inclusive dos passageiros feridos, acerca das medidas legais a serem adotadas. O prefeito Fernando Assef havia decretado luto oficial de três dias.
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