Quixadá > O desaparecimento de uma peça peculiar na estátua da escritora Rachel de Queiroz, um par de óculos de bronze, causou indignação e especulação entre quem passava na manhã desta terça-feira, 22, pela Praça da Cultura, no Centro de Quixadá. Os mais atenciosos logo notavam a falta da armação de metal. O comerciante Adalberto Martins considerou o ato um absurdo, desrespeito mesmo. A dona-de-casa Julia Ferreira, acostumada a passear pela praça ao amanhecer do dia, logo associou o fato a ação de vândalos. Como se trata de um metal valioso, bronze, roubaram, deduziu.
A notícia do furto repercutiu na maior rede social virtual da atualidade, o Facebook. Muitos internautas criticaram o ato. O coronel Rômulo Tavares comentou ter dado três meses para acontecer situação dessa natureza. Para Elizeu Pinheiro deveriam era ler os livros que ela escreveu e não roubar seus óculos. Para a universitária Rute Soares foi coisa de gente sem escrúpulos e sem a menor consciência cultural e moral. Alguns exigiram mais segurança na praça, onde além da Fundação Cultural funciona o Memorial em homenagem a Rachel de Queiroz, sendo ainda ponto de encontro da cidade, principalmente de universitários.
Conforme um dos coordenadores da Fundação Cultural de Quixadá, Blasco Monte, realmente houve a tentativa de furto do óculo da estátua. O episódio ocorreu na noite da última quinta-feira, 17, quando foi realizada uma sessão de cinema ao ar livre. Houve necessidade de apagar as luzes da praça. Alguém tentou se aproveitar da escuridão para furtar a peça. Entretanto o vigia flagrou o larápio e recuperou o artefato. O delinquente conseguiu fugir, mas os óculos já estão com a equipe da Fundação. Caso haja insistência de malfeitores em bolinar a estátua, a qual recebe o nome da escritora, a Fundação poderá instalar câmaras de vigilância, acrescentou o coordenador.
Segundo o cineasta e escritor Clébio Viriato Ribeiro, um dos responsáveis pelo projeto da estátua, o escultor Murilo Sá Toledo, autor da obra, enviará um especialista para fixar os óculos na escultura. Ele também confeccionou mais dois óculos e enviará a forma para a Fundação. Mesmo assim, foi um surto, confessou o benfeitor destacando a importância da boa vontade e do respeito dos visitantes e da população da cidade para a preservação do conjunto artístico, incluindo a estátua e o banco onde foi acomodada. Afinal, a estátua de bronze, em tamanho natural, é patrimônio de todos, ressaltou.
A estátua da celebre escritora, cearense Imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) foi inaugurada em novembro do ano passado, no encerramento da I Semana Rachel de Queiroz. Foi a forma encontrada pela Associação de Cinema e Vídeo de Quixadá (ACVQ) e a Rede de Atenção Cego Aderaldo para exaltar e homenagear a ilustre representante da literatura brasileira, pelo conjunto de sua obra e a adoção de Quixadá como seu lar interiorano. Na época o produtor cultural Gladson Martins, falecido no dia 13 deste mês, era o presidente da ACVQ. Foi ele quem presidiu a cerimônia de inauguração.
Para os amigos, como Cleumio Pinto, um dos primeiros a notar a ausência dos óculos na estátua e a tomar conhecimento do furto, foi a mão de Gladson Martins, mesmo noutra vida, quem ajudou a recuperar o óculos. “Quando a gente chegava na praça era comum ver Gledson contemplando a estátua de Rachel de Queiroz e o Memorial do Chalé da Pedra, também dedicado a escritora. Ele comentava que a cultura é uma importante forma de educar e socializar as pessoas”, lembrou o amigo ressaltando o mesmo tipo de vandalismo no Rio de Janeiro, onde os óculos de outro escritor Imortal da Academia Brasileira de Letras, Carlos Drumond de Andrade, já foram furtados oito vezes. O mesmo ocorreu em Fortaleza, com Rachel de Queiroz.
Veja também na edição do Diário do Nordeste > Rachel de Queiroz.
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