Uso político do Bolsa Família
Vereador chora e diz que sua mulher errou
O vereador Leonelzinho Alencar (PTdoB) se pronunciou por mais de 20 minutos, ontem, durante sessão ordinária, para dizer que não sabia que sua esposa se beneficiava do programa Bolsa Família. Alguns vereadores já assinaram requerimento para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) a fim de apurar que está havendo interesse político na filiação de pessoas ao Bolsa Família.
Leonelzinho chorou, gritou e disse que não sabia que sua mulher estava recebendo os benefícios do Bolsa Família. Falou ainda que ela tem que pagar pelos "erros" que cometeu, mas que estaria do lado de sua esposa e filha, que são mais importantes para ele do que qualquer coisa. "Venho aqui para esclarecer as denúncias usando o meu nome e da minha família", iniciou o parlamentar durante suas explicações que foram ouvidas por uma dezena de vereadores e por militantes ligados a ele.
De acordo com ele, as iniciativas do Instituto Jader Alencar têm prestações de contas apresentadas aos órgãos "parceiros" e de fiscalização, e que passam por uma "rigorosa fiscalização" do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM).
O parlamentar disse ainda que em São Gonçalo do Amarante é concursado e não tem cargo comissionado. Ainda assim, não explicou o fato de também estar lotado na Prefeitura de Fortaleza em dois órgãos distintos, como a Regional I e no Fundo Municipal de Saúde. Ele listou o nome de seus parentes que exercem funções no Executivo Municipal, como seu pai, o ex-vereador Leonel de Alencar, e o tio Solinésio Alencar, que é o responsável pelo Instituto Jader Alencar.
O tio do vereador, de acordo com o Diário Oficial do Município (DOM), está cedido para a Câmara desde 2010, e segundo a vereadora Toinha Rocha (PSOL), nunca foi visto na Casa Legislativa. De acordo com o parlamentar, todas as denúncias envolvendo o seu nome e de seus familiares são "perseguições hereditárias", desde a época em que seu pai esteve envolvido com irregularidades, como a distribuição indevida de viaturas e celulares, entre esposa, filhos e motorista quando era coronel do Corpo de Bombeiros.
Conhecimento
Segundo ele, sobre as notícias de benefício indevido de sua esposa "não há inteira verdade", pois garante que só tomou conhecimento da "falta" da mulher há poucos dias. Segundo Leonelzinho Alencar, sua família foi incluída no programa de Baixa Renda por conta do pouco uso de energia elétrica, uma vez que ele e a esposa passavam pouco tempo em casa, e por, isso a cônjuge do vereador teria se cadastrado "indevidamente", no Bolsa Família, sem seu consentimento e conhecimento.
"O que essa pessoa fez... Nunca imaginei que ela fosse fazer uma coisa dessa. Minha família não precisa desse benefício para sobreviver. No entanto, não posso deixar de estar do lado de minha família, que é mais importante para mim", disse enquanto chorava. Segundo ele, sua esposa errou e terá que pagar pelos seus atos, por isso, ele se colocava à disposição para qualquer dúvida. Mesmo assim, não quis falar se submeter às perguntas de alguns jornalistas.
Militantes
Antes de terminar seu discurso, não esqueceu de fazer menção às eleições, inclusive, afirmando que retornaria para a Casa Legislativa, enquanto tirava um crucifixo do bolso com a imagem de Jesus Cristo e dizendo: "Vamos para a vitória. Amém". Os militantes levados pelo vereador aplaudiram suas palavras, assim como alguns parlamentares presentes.
O líder da prefeita, Ronivaldo Maia (PT), parabenizou Leonelzinho por reconhecer o erro da sua esposa, mas lamentou que aquela situação estivesse acontecendo entre um dos 41 parlamentares da Casa. O vereador Marcílio Gomes (PSL) informou que existem denúncias de que conselheiros estão recebendo cartões do Bolsa Família e entregando para as pessoas em suas residências em Messejana, visando à obtenção de votos para seus representantes políticos nas eleições deste ano. (Fonte: Jornal Diário do Nordeste)
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