 Quixeramobim. Preservar uma tradição genuinamente nordestina e, ao mesmo tempo, contemplar os acordes do maior sanfoneiro de todos os tempos. Com essa filosofia, o fã-clube Viva o Rei resiste aos modismos sonoros da era digital desde 2004, quando foi fundado, em Quixeramobim, para seus sócios no coração geográfico e cultural do Sertão Central do Ceará. Hoje, segundo um de seus fundadores, Fernando Ivo de Sousa, além de referência da preservação da arte de Luiz Gonzaga, a associação de admiradores estimula a valorização da arte popular nordestina. São cerca de 30 membros, sempre encontrando alguma forma de divulgar a herança deixada pelo "Rei do Baião". Segundo Fernando Ivo, o rádio continua sendo o principal parceiro na divulgação da história de Luiz Gonzaga. Às quartas-feiras, ele participa ao vivo do programa Crepúsculo Sertanejo, transmitido de segunda à sexta-feira, das 16 às 18 horas, pela Difusora Cristal. No último dia da semana, o sanfoneiro Luiz Gonzaga dos Santos, o Nonô, apresentador do programa, recebe os amigos do Viva o Rei para uma roda de sanfona. O encontro acaba se transformando em mais uma festa em homenagem ao "Mestre Lua", como o ídolo também é conhecido. Memória Na opinião da sócia, ex-secretária de Cultura de Quixeramobim, Terezinha Oliveira, os sanfoneiros da terra cultuam a memória do "Rei do Baião" sempre que pegam suas "brancas" e "pretas" - referência às teclas da sanfona - vão logo dedilhando um dos clássicos do repertório de Luiz Gonzaga. Na opinião dela, essa manifestação é raiz, é sentimento de identificação com a terra nordeste, é cultura. Como não podiam esquecer a ação de Fenelon Câmara na comunicação do Sertão Central, seus filhos mantêm uma programação identificada com os verdadeiros valores positivos no cenário cultural. A animação desse regionalismo fica por conta do incansável Fernando Ivo, destaca Terezinha. O programa Sertão de Memórias, transmitido aos domingos pela Canudos FM e o Raízes da Campo, levado ao ar aos sábados pela AM Campo Maior, também contemplam o cancioneiro do "Rei do Baião" nas programações dedicadas ao típico forró pé-de-serra em Quixeramobim. "São outros importantes espaços de resgate e preservação da arte popular", diz Fernando Ivo. Além de preservar a memória de Luiz Gonzaga, todos os anos, o fã-clube viaja para a cidade de Exu, no sertão pernambucano, onde nasceu Luiz Gonzaga. No roteiro, o grupo visita o Parque Asa Branca, a casa onde nasceu e viveu o artista, e também o Museu Gonzagão. A excursão é realizada na semana de comemoração do aniversário de nascimento do sanfoneiro. No fim da tarde, participam do tradicional Forró do Juazeiro. A festa popular reúne os fãs, viajantes e tocadores de sanfona de todo o País. O encontro ocorre à sombra do frondoso símbolo sertanejo, ao lado da casa do "Mestre Januário", outro pseudônimo do ilustre sanfoneiro. Museu Os "súditos" de Luiz Gonzaga sonham com a criação de um museu em Quixeramobim. Há anos recolhem discos, livros, revistas, todo material onde ele seja um dos personagens ou exponha de alguma forma a sua história. Atualmente, o acervo é guardado nas casas dos sócios. Neste ano, na semana de comemoração do centenário de nascimento de Luiz Gonzaga, o "Viva o Rei" quer incluir na programação a II Missa dos Sanfoneiros, na Igreja Matriz de Quixeramobim. A primeira foi realizada em 2009. Dessa vez, o grupo conta com o apoio do padre Adauto Farias, outro apaixonado pela musica e historia de Luiz Gonzaga. O fã-clube também pretende realizar um grande encontro de sanfoneiros. Por conta da dedicação a cultura nordestina o fã-clube Viva o Rei sempre recebe títulos de reconhecimento, ressalta a sócia Leidinara de Oliveira. Ela é esposa de Fernando Ivo. Em 2011, representando os associados, o casal recebeu o troféu Asa Branca, título honorífico em homenagem aos fãs de Luiz Gonzaga que divulgam a memória do "Rei do Baião". Neste ano, receberão do Grupo União São Francisco e do Caldeirão Político, da Paraíba, o troféu "Os cem anos de Luiz Gonzaga". A homenagem ocorre no dia 18 de agosto, na Comunidade São Francisco, na cidade de São João do Rio do Peixe, por ocasião do V Fermuza. Tradição Alegria em festas juninas e forrós pé-de-serra Luiz Gonzaga do Nascimento, esse é o nome do "Rei do Baião". Ele nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, em Exu, no sertão de Pernambuco. Morreu com 77 anos, no dia 2 de agosto, em Recife, capital da sua terra natal. Por conta do seu sucesso com os gêneros musicais tipicamente nordestinos, recebeu o pseudônimo pelo qual ficou nacionalmente conhecido. Acompanhado de sua sanfona, o "Velho Lua", como passou a ser tratado carinhosamente ao avanço da idade. Levou a alegria das festas juninas e dos forrós pé-de-serra, bem como a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino, para o resto do País, numa época em que a maioria das pessoas desconhecia o baião, o xote e o xaxado. Considerado um genial instrumentista e sofisticado inventor de melodias e harmonias, ele ganhou notoriedade com as antológicas canções "Baião", "Siridó", "Juazeiro", "Qui Nem Jiló", "Baião de Dois" e "Asa Branca", transformada no hino melódico sertanejo. Luiz Gonzaga foi uma das mais completas, importantes e inventivas figuras da música popular brasileira. Cantando acompanhado de sua sanfona, da zabumba e do triângulo, animou o povo brasileiro.Mais informações Fã clube Viva o Rei Responsável: Fernando Ivo de Sousa Telefone: (88) 9929.2298 E-mail: vivaorei.lg@bol.com.br Com informação: Alex Pimentel http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1169379  |
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
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