quarta-feira, 23 de maio de 2012


Mais de 300 famílias de baixa renda, na maioria dependentes dos programas sociais do Governo Federal, estão ocupando áreas públicas da cidade de Quixadá. Cerca de 150 delas acamparam nos fundos do local onde será construído a Delegacia Regional de Polícia Civil deste Município. Outras, invadiram terrenos nos bairros Carrascal I e II, um deles destinado à construção de uma creche.

Casais, acompanhados dos filhos, alguns recém-nascidos, resolveram apelar para o sacrifício e acampar ao relento em busca da realização do sonha da casa própria. Quem não vive de favor nas casas de parentes não dorme tranquilo. Sem emprego, com aluguel atrasado há mais de três meses, teme ser despejado. O jeito é apelar para as autoridades agilizarem o programa Minha Casa Minha Vida na cidade.

Apesar da ocupação pacífica, com a participação de mulheres e crianças, os sem-teto do Bairro Campo Novo, onde o terreno invadido está situado, estavam agitados. Temiam represálias da Prefeitura de Quixadá. Ouviram falar de uma ação de reintegração de posse.

Sofrimento

Além de pernoitarem ao relento, debaixo de barracos improvisados de lonas de plástico, dizem estar dispostos a enfrentar a Polícia se for necessário para conquistarem o direito de terem um lugar digno para morarem. "Mas as nossas armas serão apenas o nosso sofrimento e necessidade de uma casa", justificava uma dona-de-casa com um filho nos braços e outro agarrado à cintura. O companheiro havia saído à procura de comida e agasalhos.

O servente José Elenilson de Castro, 25 anos, está desempregado. Ele sustenta a família com o Bolsa Escola. O benefício é de R$ 166,00. Não é suficiente para alimentar a mulher e os três filhos. Todo mês é obrigado a pagar R$ 120,00 de aluguel. A salvação está na merenda escolar, mas quando as férias chegarem, não terá a quem recorrer e as crianças vão começar a reclamar quando tiverem apenas bolachas para comer na merenda, no almoço e no jantar.

A salvação para se livrarem da miséria absoluta foi correr para o terreno público, marcar seu espaço e trazer o colchão e as redes. "Agora a gente só sai daqui morto", desabafou.

O secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente de Quixadá (Seduma), Carlos Augusto Cavalcante, mais conhecido por "Carlinhos Vereador", assegurou não haver necessidade de preocupação dos acampados. Não serão retirados "na marra". Acrescentou porém, a necessidade de respeitarem o espaço destinado à construção da Unidade do Corpo de Bombeiros, nos fundos do novo prédio da delegacia.

Cadastro

De acordo com ele, a Fundação de Geração de Emprego Renda e Habitação Popular (Fungeth), órgão municipal responsável pela assistência às famílias de baixa renda cadastrará as famílias para inserção no programa de aquisição da casa própria.

Quanto à medida de reintegração de posse, não será em desfavor dos sem-teto. O termo foi citado porque o terreno havia sido doado ao Governo do Estado, justamente para a construção de moradias populares, no ano de 2008. Seriam construídas em torno de 60 unidades residenciais.

Uma cláusula do registro do imóvel ocupado estabelece a devolução da área ao Município se as casas não fossem construídas. Na opinião de Carlinhos, o projeto não se concretizou porque as empresas empreiteiras não se interessam pela construção de casas para o segmento econômico de baixo poder aquisitivo.
Com informação do Diário do Nordeste.

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